“Seu cabelo é feio e você é feia, viu sua urubu”, dizem colegas brancos para criança de 6 anos em escola de São Paulo

A criança foi xingada e agredida por outros colegas, brancos, na escola. Duas semanas após a violência, a família da vítima ainda luta por respostas

Por Daiane Oliveira

Imagem: Reprodução Google Street View

A escola Adelina Issa Ashcar, localizada no bairro Cambuci, em São Paulo, foi denunciada pela cantora Thamires Rosa, mãe de uma criança de 6 anos que sofreu racismo e foi agredida por colegas com idades próximas. A criança possuía hematomas nos olhos, quadril, membros e na região das costelas. A mãe denuncia negligência por parte da escola diante da violência.

Ao esbarrar em um dos meninos, a filha de Thamires Rosa foi atingida com um soco no olho, quando o segundo menino a segurou para que a agressão continuasse. “Seu cabelo é feio e você é feia, viu sua urubu”, disseram as crianças. Apesar da agressão ter acontecido inicialmente no dia 02 de maio, a mãe da criança vítima de racismo e agressões físicas segue denunciando a falta de resposta da escola e do Estado.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Thamires Rosa aos prantos, expôs a falta de preparo e descaso da escola que negligenciou a ação das outras crianças. “A gravidade das lesões me fez ir atrás da escola, e simplesmente a cada ida que fiz até a escola eu me senti constrangida pela forma que a administração diretoria agiu ao se posicionar a respeito da minha filha, e por mim, mulher preta, mãe buscando, justiça para que isso não ocorra mais com outras crianças”, disse no vídeo.

Thamires Rosa ainda relatou, no dia 10 de maio, que o diretor da escola se recusou a atendê-la e uma vice-diretora foi responsável por conversar com a mãe, que precisou explicar todo o ocorrido mais uma vez. Já em nota, a Secretaria da Educação do estado declarou que é ‘veementemente contra qualquer tipo de violência e discriminação, seja dentro ou fora das escolas’.

A nota ainda informa que a “gestora instaurou uma apuração interna para identificar as supostas agressões e avaliar a conduta da equipe gestora sobre o caso”, e que convocou a responsável da estudante para uma reunião de definição das medidas restaurativas junto ao Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP) com garantia de acolhimento.

O pai da criança foi à escola nesta segunda-feira (15) para seguir em busca de detalhes do que aconteceu com a vítima no momento da agressão. Na sexta-feira (12), mesmo com a repercussão do caso, o diretor da escola teria entrado em contato com o pai da vítima em busca de informações do que aconteceu, pois até então só estava ciente das faltas da criança, que segue sem ir à escola até que a família se sinta segura novamente.

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