Por Matheus Souza
A vereadora de Salvador (BA), Débora Santana (PDT), protocolou no último dia 25 de agosto um Projeto de Indicação (PIN) sugerindo que a prefeitura da capital baiana interdite vias da cidade aos sábados e domingos, das 5h às 8h, para práticas esportivas. A parlamentar é mãe de Cleydson Cardoso Costa Filho, suspeito de atropelar o maratonista Emerson Pinheiro, de 29 anos, negro e estudante de educação física, no dia 16 de agosto. O jovem teve uma de suas pernas amputada.
Na ementa da indicação, endereçada ao Prefeito Bruno Reis (União Brasil), a vereadora sugere que o Executivo municipal realize um estudo técnico junto a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), para verificar a possibilidade de interdição das vias. A proposta acontece após o Ministério Público da Bahia (MP-BA) encaminhar à Vara do Júri o processo que investiga o filho da parlamentar. A defesa do suspeito ingressou com um pedido de Habeas Corpus no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), em segunda instância.
Segundo a polícia, Cleydson foi autuado em flagrante por lesão corporal culposa de natureza grave ou gravíssima na direção de veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada e por conduzir veículo com a capacidade psicomotora alterada por substância psicoativa.
Relembre o caso
Na manhã do sábado, 16 de agosto, Cleydson, de 26 anos, dirigia em alta velocidade na orla da Pituba quando foi preso em flagrante após atropelar o maratonista, que treinava com outros corredores. No momento da prisão, o filho da parlamentar não conseguia falar nem andar normalmente, e sequer conseguiu completar o teste do bafômetro devido ao estado de embriaguez.
Logo após o acidente, e da repercussão do caso na mídia, Débora emitiu uma nota em suas redes sociais, onde afirma manifestar sua “mais profunda solidariedade a Emerson Pinheiro e a toda a sua família pelo acidente ocorrido”. A vereadora afirmou ainda que estaria inteiramente à disposição para oferecer todo o apoio necessário para a família.
No mesmo dia a parlamentar declarou, em entrevista ao portal A Tarde, que Cleydson teria problemas mentais, e negou que o atropelamento teria sido causado pela ingestão de bebida alcoólica: “O meu filho tem problemas mentais, tanto que no bafômetro foi descartado o uso de bebidas alcoólicas. Ele toma medicações fortes”.
Na manhã seguinte ao acidente, no domingo (17), Maria do Carmo, avó de Emerson, revelou que uma representante da família do filho da vereadora foi até o hospital onde o atleta está internado oferecer dinheiro para a família parar de falar sobre o caso. “A mãe dele mandou oferecer dinheiro. Qual o dinheiro que paga um órgão? Uma perna? Um braço, um olho? Qual o dinheiro que paga? Só se for da parte dela, porque, para mim, não me interessa. Para mim, interessa a vida dele, a saúde dele e a perna dele, que ele perdeu e não vai voltar”, disse Maria à imprensa na Central de Flagrantes, onde acontecia a audiência de custódia.
Durante sua cobertura do caso no programa “Brasil Urgente”, o apresentador da Band Bahia Uziel Bueno, ex-marido da vereadora, revelou detalhes sobre o histórico do ex-enteado com o abuso de álcool e drogas. Ele contou que o suspeito se chocou contra um poste em um posto de combustíveis enquanto estava dirigindo no bairro de Portão, em Lauro de Freitas, a cerca de um ano e meio atrás.
Uziel também afirmou que Cleydson enfrentava problemas com drogas e álcool na época do relacionamento, e questionou as alegações de tratamento psicológico feitas pela ex-mulher. “Falaram que ele tinha problemas mentais, mas isso não é verdade. Quero saber quem é o médico que assinou isso, porque nunca soube de tratamento”, declarou.
