Texto: Divulgação
Imagem: Jônatas Conceição
O ZUMVÍ – Arquivo Afro Fotográfico registra a cerca de 30 anos as manifestações do movimento negro e o cotidiano dos afrodescendentes em diversas temáticas e contextos populares. No próximo dia 13 de maio de 2021, o projeto lançará o site www.zumvi.com.br e uma exposição virtual Memórias de Resistências Negras, com 55 imagens que trazem 08 temas de importantes momentos da história e trajetórias do movimento negro: Militantes Falecidos do MNU, Nelson Mandela na Bahia, Política de Ações Afirmativas, Grupo de Mulheres MNU, Manifestação Contra Intolerância, Quilombo Rio das Rãs, Marcha Contra o Genocídio do Povo Negro e Três Grandes Pautas. O lançamento acontecerá nas redes sociais do projeto: Instagram; Facebook; Youtube:
Além de abrigar a exposição, o site trará o Catálogo Virtual. O intuito é democratizar o acesso ao acervo para pesquisadores e população em geral interessados em fotografia e o percurso de fotógrafos negros. Para os interessados em adquirir fotografias do acervo, o site disponibilizará um canal de comunicação. O acervo, composto por cerca de 30.000 negativos sobre a cultura afro-baiana, só estará disponível no site a medida que for digitalizado. Segundo Lázaro Roberto, fotógrafo e idealizador do ZumvÍ, “No segundo semestre pretendemos começar a executar o projeto de digitalização + plataforma digital, e quando a plataforma estiver pronta o internauta poderá acessar todas as imagens.”
A Exposição propõe revisar a exposição “Memórias de resistências negras”, realizada com sucesso na cidade de Salvador, em 2018. A curadoria é de Tina Melo, que selecionou imagens que substituem muitas palavras, transportando o público para momentos históricos decisivos e narrativas que não constam nos livros e nas cartilhas escolares, em uma tentativa de subalternizar e deslocar o protagonismo do povo negro.
O ZUMVÍ Arquivo Afro Fotográfico surgiu em 1990 pelas mãos dos fotógrafos Lázaro Roberto, Ademar Marques e Raimundo Monteiro, três jovens negros das periferias de Salvador comprometidos com o registro das atividades culturais e políticas, e a produção de imagens da cultura afro-brasileira. Com o lema “Fotografar hoje para o futuro”, produziam fotografia documental, ou fotojornalismo, criando um “Quilombo Visual”, uma afro maneira de registrar e criar um arquivo de memórias imagéticas dos negros, algo jamais feito no Brasil contemporâneo. O nome “Zumvi” é uma palavra fotográfica criada a partir do “Zum” da lente, e “VI” do olho, é trazer a realidade que está longe, mais para perto. Atualmente, o projeto é coordenado por Lázaro e com produção executiva do historiador José Carlos Ferreira, que também vem desenvolvendo e facilitando pesquisas acadêmicas sob o acervo no campo da memória, da cultura e da raça.
O acervo, nos cerca de 30 anos, recebeu muitas colaborações, como a do poeta e militante Jonatas Conceição da Silva, que doou todo seu acervo, composto de 1.618 fotogramas, em P&B, e colorido, em 2006, pouco antes de seu falecimento. Também o fotógrafo Rogério Conceição, desde 2016, vem doando seu material fotográfico, que são os registros de eventos do movimento negro nas décadas de 80 e 90. Em 2020, o Zumví recebeu uma doação de arquivos, no campo do audiovisual e do cinema negro. Parte do acervo do cineclubista e militante Luiz Orlando, falecido em 2006, foi doado pela sua família, que se encontra em dois meios: o físico, com cerca de 8.273 laudas, são fotografias, documentos, cartazes, xerox, cadernetas, entre outros; e o digital, 8.273 documentos de caráter diversos, como jornais e impressos. O acervo é dividido pelas seguintes temáticas: Afoxé, Artistas negros, Blocos Afros, Blocos de Índio, Capoeira, Quilombo Praia Grande Ilha de Maré, Cordeiros, Estética Negra, Feira de São Joaquim, Festas Populares, Hip Hop, Irmandades Negras, LGBT, Moradia, Moradores de Rua, Movimento de Mulheres Negras, Movimento Negro, Movimentos Sociais, Pichação, Quilombo, Religiosidade, Subúrbio Ferroviário, Universo Reggae e Vendedores Ambulantes.
Projeto foi contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal”.