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Líder religioso é investigado por dopar, ameaçar e estuprar fiéis no Distrito Federal

Pelo menos cinco vítimas, com idades entre 17 e 30 anos, denunciaram o líder de umbanda Leandro Pereira, que nega as acusações
Imagem: Reprodução TV Record

Por Karla Souza*

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga um caso que expõe a vulnerabilidade de fiéis: Leandro Mota Pereira, conhecido como Pai Leandro de Oxossi, é suspeito de dopar, estuprar e coagir ao menos quatro mulheres e uma adolescente em seu terreiro de umbanda, em Sobradinho (DF). As vítimas, com idades entre 17 e 30 anos, afirmam que o líder religioso manipulava a fé ao simular incorporações de entidades presentes em religiões afro-brasileiras, como “Zé Pilintra”, para justificar os estupros. 

Uma das táticas, segundo as denúncias, era convidar as mulheres para retiros no terreiro. Uma adolescente de 17 anos relata ter sido dopada com chás e sucos antes dos abusos. No meio da madrugada, a garota acordou com o religioso sem roupas, deitado sobre ela, consta no relato à polícia.

Outra mulher, que buscou o terreiro para apoio emocional, diz ter sido estuprada na loja de artigos religiosos do suspeito e em sua própria residência, sofrendo ameaças e agressões físicas.

Em todos os depoimentos das vítimas, o comportamento de Leandro seguia um mesmo padrão: ele se valia de argumentos religiosos, exercia manipulação emocional e conduzia rituais que colocavam as vítimas em situações de vulnerabilidade, isolamento e impossibilidade de pedir ajuda. “Ele dizia que um orixá havia me escolhido, que meu corpo era um canal de energia e que o sexo era necessário para me libertar dos maus espíritos”, relatou uma das vítimas.

Leandro nega as acusações, afirmando nunca ter tido relações sexuais com as denunciantes. Ao veículo Metrópoles, ele declarou: “Eu nunca tive qualquer relação sexual, consentida ou não, com esta pessoa, jamais dopei ninguém com chá ou qualquer outra bebida. A pessoa passava os fins de semana no terreiro para ritos religiosos, e estava sempre acompanhada de outros filhos de santo, em momento algum ficou sozinha comigo. Nunca, jamais houve estupro nem tive qualquer outro envolvimento com essa pessoa.”

“Malfeitores da Fé”

Este tipo de crime, onde a autoridade espiritual é usada para cometer abusos, é um acontecimento que vem sendo denunciado por veículos de comunicação. Na série especial “Vozes Insurgentes de Mulheres Negras contra as violências sexuais”, da Revista Afirmativa, a matéria “Malfeitores da fé: violência sexual praticada por religiosos contra menores” joga luz sobre essa questão. A reportagem evidencia como a figura de poder do líder religioso é explorada para exercer controle emocional e mental, culminando em violência sexual, e discute o avanço da cultura do estupro dentro de espaços de fé.

Os casos denunciados no DF e na matéria descrita acima, são fragmentos de uma estatística gritante. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou o maior número de estupros da série histórica em 2024, 87.545 casos apontados. Subnotificados, os crimes cometidos por líderes religiosos são uma preocupação crescente. Em 2022, o Disque 100 registrou 41 denúncias de violência sexual cometidas por religiosos, um dado considerado inicial, visto que a categoria é recente no sistema.

Como denunciar

Para denunciar casos de violência sexual de forma anônima, cometido por qualquer pessoa, o canal federal Disque 100 funciona 24 horas por dia e está disponível em todo o território nacional.

*Com informações do Metrópoles

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