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Acusado de assassinar a jovem lésbica Ana Caroline Campelo é condenado a 27 anos de prisão no Maranhão

O julgamento teve duração de mais de 14 horas, na última quarta-feira(05). O juiz entendeu que a culpabilidade de Eliseu é elevadíssima, considerando a brutalidade empregada no crime
Imagem: Divulgação/Poder Judiciário do Estado do Maranhão

Por Patrícia Rosa

Eliseu de Carvalho Castro, acusado pelo assassinato brutal da jovem Ana Caroline Campelo, de 21 anos, foi condenado a 27 anos e oito meses de prisão, após julgamento pelo Tribunal do Júri, nesta quarta-feira (5), em Governador Nunes Freire (MA).

O crime ocorreu em Maranhãozinho (MA), na madrugada de 10 de dezembro de 2023. Na ocasião, Ana Caroline saía de bicicleta do posto de conveniência onde trabalhava, após um dia de expediente, quando foi perseguida por Eliseu, que estava em uma motocicleta. Ele abordou a jovem e a obrigou a subir na garupa. Em seguida, levou-a por uma estrada vicinal em direção ao Povoado Cachimbo, onde o corpo foi encontrado – a vítima foi asfixiada, teve o rosto desfigurado e partes do corpo arrancadas.

O julgamento teve duração de mais de 14 horas e foi presidido pelo juiz da 1ª Vara de Maracaçumé, Bruno Chaves de Oliveira. Na sentença, o magistrado destacou que a culpabilidade de Eliseu é elevadíssima, considerando a brutalidade empregada e a desfiguração completa do rosto da vítima. Segundo o juiz, o réu demonstrou uma personalidade fria, cruel e desprovida de empatia, agindo com total menosprezo pela vida humana.

Eliseu foi preso em 31 de janeiro de 2024, em uma fazenda no município de Centro do Guilherme (MA), e permaneceu detido durante toda a instrução processual.

“A família ficou nervosa, aflita, ansiosa, esperando o resultado, o que ia acontecer, quantos anos o acusado ia pegar. Mas veio a sensação de resultado final. 27 anos e 8 meses não é a pena máxima, foi algo que a gente não esperava, mas tivemos que aceitar. A justiça por Carol foi feita”, afirmou Dona Carmelita Silva Sousa, mãe de Ana Caroline ao G1.

Lesbocídio

Ana Caroline era lésbica e morava em Maranhãozinho com a namorada havia poucos meses. Eliseu foi condenado por feminicídio, já que a tipificação do lesbocídio ainda não existe no Brasil.

Em entrevista à Revista Afirmativa, Ana Maria Esteves, coordenadora da Coletiva LesboAmazônidas, ressaltou a importância de que crimes como esse sejam devidamente investigados e que suas especificidades sejam levadas em consideração.

O processo e o júri foram acompanhados por ativistas do movimento lésbico, que estiveram presentes no julgamento, prestaram apoio à família e exigiram justiça. Em uma publicação nas redes sociais, o Levante Nacional contra o Lesbocídio destacou que a condenação é fruto de um trabalho árduo e coletivo, protagonizado por ativistas lésbicas e feministas: “Graças à mobilização de organizações, coletivas e ativistas lésbicas de todo o país, que não cansaram de denunciar o crime contra Ana Caroline como um caso de lesbocídio.”

O Levante também ressaltou a importância da repercussão do caso na imprensa, que contribuiu para pautar o debate sobre o lesbocídio, mesmo sem o reconhecimento jurídico do termo: “Conseguimos pautar o lesbocídio em sites, matérias e jornais. É inédito, no Brasil, a imprensa tratar o assassinato de uma mulher lésbica como lesbocídio — uma violência misógina movida pelo lesboódio.”

Casos de crimes de ódio contra mulheres lésbicas seguem acontecendo no Brasil. Em outubro deste ano, a adolescente Vitória foi assassinada pelo pai da namorada, em mais um crime brutal. Ela foi morta a tiros enquanto dormia na casa da companheira, em Parelheiros, zona sul de São Paulo. O homem executou o crime com requintes de crueldade, atirando contra a garota e jogando o corpo em uma área alagada próxima à residência.

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