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Organizações reivindicam inclusão do termo “afrodescendentes” nos documentos finais da COP30

Apesar de representar um dos grupos étnicos mais impactados pela crise climática, os povos afrodescendentes seguem excluídos dos espaços de discussão e tomada de decisão sobre o tema
Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Por Jamile Novaes

As atividades da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) foram iniciadas na última segunda-feira (10), em Belém, e se estendem até o próximo dia 21. O encontro reúne ativistas e lideranças de diversos países para uma série de debates e encaminhamentos que irão orientar as ações climáticas em todo o mundo. Entre os temas em debate, organizações negras têm chamado atenção para a necessidade de incluir o termo “afrodescendentes” nos documentos finais da conferência. 

A expressão, que engloba as populações da diáspora africana, até o momento aparece apenas em dois rascunhos de documentos preliminares – o Plano de Ação de Gênero e o Programa de Transição Justa. No entanto, nenhuma menção aos povos afrodescendentes foi incluída no documento da Meta Global de Adaptação, que contém 100 indicadores para acompanhar o progresso dos países.

O levantamento A Raça e o Gênero da Justiça Climática – Mapeando Desigualdades na Normativa Global, realizado pelo Geledés – Instituto da Mulher Negra em parceria com a Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, analisou 115 documentos internacionais que citam termos raciais, produzidos por instituições das Organizações das Nações Unidas (ONU) entre 1992 e setembro de 2025. O estudo constatou que em apenas 27 deles o termo “afrodescendentes” é mencionado e que só cinco documentos são vinculantes – ou seja, possuem valor jurídico e determinam a adesão obrigatória entre os países.

A pesquisa revela ainda que a população de afrodescentes é estimada em 200 milhões de pessoas ao redor do mundo, dentre as quais, mais de 120 milhões se encontram no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No contexto brasileiro, a crise climática tem mostrado seus efeitos de forma desigual para essa população, visto que 55% das pessoas que vivem em áreas de risco de deslizamento são negras e mais de 70% das vítimas fatais das enchentes registradas em 2023 eram mulheres negras e crianças.

A partir dos dados levantados, o Geledés e a FGV elaboraram uma série de recomendações para a COP30, com objetivo de posicionar as populações e organizações afrodescendentes como atores centrais nas discussões e tomadas de decisões sobre a justiça climática. Dentre as recomendações, além da inclusão do termo “afrodescendentes” nos documentos finais, destacam-se: o fomento da reparação climática para comunidades negras, quilombolas, periféricas e ribeirinhas; coleta de dados desagregados por raça, gênero e território e criação de um mecanismo de monitoramento de racismo ambiental na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC); financiamento e garantia da participação de organizações e especialistas afrodescendentes na COP30, fóruns internacionais e outros espaços de decisão.

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