Violência contra a mulher cresce 46% na Bahia em um ano, aponta Rede de Observatórios de Segurança

Na Bahia houve um aumento de 47%, nos casos de violência contra a mulher, segundo levantamento realizado pela Rede de Observatórios de Segurança, que analisou dados de agosto de 2021 a julho de 2022.

Entre os casos registrados estão feminicídios, agressões físicas, sexuais, estupros, torturas, agressões verbais e situações de cárcere privado.

Por Daiane Oliveira e Patrícia Rosa

Imagem: Pixbay

Na Bahia houve um aumento de 47%, nos casos de violência contra a mulher, segundo levantamento realizado pela Rede de Observatórios de Segurança, que analisou dados de agosto de 2021 a julho de 2022. Foram registrados 301 casos de violência contra a mulher no período, o índice no ano anterior foi de 204 no mesmo período.

Entre os casos registrados estão feminicídios, agressões físicas, sexuais, estupros, torturas, agressões verbais e situações de cárcere privado. Sendo que, nos sete estados monitorados pelo levantamento, o estado de São Paulo é o que mais tem registros de femicídios com 100 casos. A Bahia é o segundo estado do nordeste com mais registros, com 66 vítimas.

Dos casos registrados, 87 mulheres denunciam o atual ou ex-marido como agressor. Em sequência vêm namorados ou ex-namorados como agressores em 27 casos. O levantamento aponta que em 142 casos os autores não estão identificados ou são desconhecidos, assim o índice de mulheres agredidas por parceiros atuais ou antigos pode ser ainda maior.

Durante o ano de 2022, um desses casos foi o de Samille Gabriele Gonçalves, de 16 anos, encontrada morta, em um terreno baldio da cidade de João Dourado (BA), em agosto, com mais de 30 perfurações no pescoço, mãos e braços.

Outra vítima foi Andréa Barbosa dos Santos, de 29 anos, assassinada a facadas pelo ex-companheiro Roberto Lima Rodrigues, de 46 anos, em Salvador (BA), o suspeito do crime não aceitava o fim da relação.  Jéssica de Ribeiro Reis, de 28 anos, também foi morta no mês de julho, com uma facada no peito, o suspeito do crime é o marido da vítima, identificado como Moisés Souza.

Para Letícia Dias Ferreira, copresidenta da Organização Tamo Juntas, o contexto atual de precarização dos serviços públicos, é determinante para o quadro de aumento da violência contra mulheres: “Acho que a gente deve, para além de atribuir a pandemia ao período de isolamento, a gente também deve atribuir ao governo que nós estamos vivendo. Um governo que tirou mais de 90% de verba para aplicação nas políticas de prevenção à violência, na aplicação de políticas voltadas para as mulheres.”

Letícia explica as medidas que as vítimas devem tomar, em caso violência.Elas podem procurar o apoio dos serviços estatais, fazer o registro da ocorrência, mas também podem procurar outros serviços, como os centros de referência de assistência social, centro de referência especializados da mulher e até no próprio posto de saúde”, orienta.

A prevenção e percepção é muito importante para proteção das mulheres vitimadas com a violência doméstica. Letícia aponta que é importante que a mulher perceba aos primeiros sinais de violência para evitar e incidir na situação antes dela se tornar um feminicídio.

Para Terlúcia Silva, coordenadora da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, o aumento da violência é um dado preocupante. “A gente tem visto o crescimento desse tipo de violência, dessa ocorrência em forma de feminicídio. Pensamos em enfrentar o problema da violência, não é da pessoa que sofre a violência, é um problema social, que requer compromisso, gestões públicas, de parlamentares, da sociedade como um todo e da mídia.”

A ativista lembra que mulheres negras são atingidas com essa crescente violência: “Para nós mulheres negras o lugar é de maior vulnerabilidade. A gente já conta com esse histórico negativo que nos coloca nessa situação de violência” finaliza.

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