Neidinha Saruí, Txai Suruí, ativistas e indígenas do povo Uru-Eu-Wau-Wau são emboscados e intimidados por mais de 50 homens em Rondônia

O grupo estava em direção ao posto da Funai quando foi cercado e ficou cerca de 4 horas cercado pelos homens que impedia a passagem

O grupo estava em direção ao posto da Funai quando foi cercado e ficou cerca de 4 horas cercado pelos homens que impedia a passagem

Por Daiane Oliveira

Imagem: Reprodução

No último domingo (14) a ativista e indigenista, Neidinha Suruí e sua equipe, foram alvos de uma emboscada na estrada de acesso ao posto de vigilância da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em Rondônia. Estavam com a ativista, sua filha, Txai Suruí, a indigenista Ivaneide Bandeira, o artista Thiago Mundano, além do cineasta britânio Heydon Prowse e mais 10 indígenas do povo Uru-Eu-Wau-Wau. Cerca de 50 homens cercaram e os intimidaram por aproximadamente 4 horas.

A estrada fica na região do Projeto de Assentamento Dirigido (PAD) Burareiro, local reconhecido pela Funai como terra indígena do povo Uru-Eu-Wau-Wau. No entanto, os homens do grupo que ameaçou a equipe de Neidinha afirmam que são assentados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e negam a existência de indígenas na área.

Em entrevista ao Portal Amazônia Real, Neidinha Suruí, que é fundadora da Associação Etnoambiental Kanindé, disse que não sabia o que poderia ter acontecido se não houvesse uma equipe de documentaristas durante a emboscada, pois os homens já sabiam quem estava no grupo e pareciam preparados e orientados. “Agora com a cabeça mais fresca, percebo que foi uma emboscada, eles sabiam quem a gente era”, declarou.

Neidinha Suruí ainda disse que alguns homens pareciam calmos, mas outros eram bem hostís e a medida de começar a filmar a emboscada foi em busca de defesa. A líder indígena aproveitou para voltar a denunciar a ausência de segurança, do Estado, na região. “Isso é resultado de terem tirado a PM e a PF de lá. Por que o pessoal do Batalhão Ambiental saiu também? Ali ninguém está seguro. O que esses homens fizeram ontem foi muito grave.”

O artista Mundano, conhecido pelo ativismo ambiental, iria realizar uma apresentação na Funai, que seria registrada pelo cineasta, jornalista e também ativista ambiental, Heydon Prowse, diretor premiado com um Bafta (Prêmio da Academia Britânica de Cinema) pelo programa “The Revolution Will Be Televised” (2012), da BBC.

Entidades se reuniram em uma nota de repúdio à violência sofrida pelas ativistas ambientais e indigienistas, lembrando que a violência no território amazônico já resultou em tragédias como a de Chico Mendes, Ezequiel Ramin, Dorothy Stang e, mais recentemente, Bruno Pereira e Dom Philips.

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