Advogado negro denuncia motorista de Uber que mudou a rota da viagem para uma delegacia no Rio de Janeiro

Ao chegar na delegacia Cândido foi tratado com descaso pelo agente, que se negou a registrar o boletim de ocorrência, alegando que não havia crime

Ao chegar na delegacia Cândido foi tratado com descaso pelo agente, que se negou a registrar o boletim de ocorrência, alegando que não havia crime

Por Patrícia Rosa

Imagem: Reprodução Mundo Negro

O advogado Bruno Cândido, um homem negro, denunciou nas suas redes sociais, uma situação de racismo que sofreu em uma viagem de Uber na última sexta-feira (06), no Rio de Janeiro(RJ). Bruno pediu uma corrida para ir a faculdade, no caminho o passageiro estranhou  que o motorista, identificado como Edson, não seguiu o caminho direcionado pelo aplicativo, perdendo três entradas sugeridas. Notando a mudança, Cândido questionou o condutor  porque ele não estava seguindo a rota.

“Ele tava indo para uma direção, onde tinha um fluxo de trânsito que eu já conhecia, eu virei pra ele e falei que ele não tava seguindo o caminho do aplicativo, ele respondeu, ‘eu não quero’. Quando ele estava seguindo a rota, ele já estava indo para a delegacia, parecia que ele já suspeitava de mim e não tava seguindo a rota, por que estava indo para a delegacia”, relatou Bruno, em uma postagem na sua rede social.

O cliente ainda declarou que o motorista pediu para ele descer do carro, mas não  parou o carro, e seguiu o caminho da delegacia.  “Lá [ na delegacia], disse que eu não quis descer do carro e que era agressivo”, prossegue Bruno em sua postagem.

Ao chegar na 4ªDP,  no centro do Rio de Janeiro, Bruno foi impedido de entrar na sala pelo policial.  O advogado precisou aguardar outro policial para registrar a ocorrência. 

“O policial entendeu que eu não pratiquei crime. E aí eu disse que o motorista praticou crime de racismo contra mim e que queria registrar a ocorrência. O policial negou. Eu disse que a lei estadual 2.235 me garante esse direito, e que queria que no mínimo ele fizesse a qualificação do motorista (que na delegacia revelou que também era advogado), e o policial liberou ele”, relatou Bruno.

Segundo Cândido, o policial que foi identificado como inspetor Campos, tem o histórico de se recusar a registrar ocorrências de racismo.

A Uber se pronunciou através de nota, afirmando não tolerar nenhuma forma discriminatória e  informando que o motorista envolvido no caso  foi desligado do aplicativo

Histórico semelhante de racismo na  UberA também advogada, Rebeca Sousa, foi vítima de uma situação racista, quando utilizava um carro de aplicativo da Uber, em Salvador (BA) em 2022. Rebeca denunciou nas suas redes sociais, que foi posta para fora do carro depois que a motorista parou do lado de uma viatura e disse aos policiais que estava em situação de perigo.

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