Após 6 anos, irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa são presos como mandantes do assassinato de Marielle

O caso é um marco na exposição entre a política, as policiais, o sistema de justiça e o crime organizado no Rio de Janeiro e em todo o país

A Polícia Federal prendeu na manhã deste domingo (24) os três suspeitos de serem mandantes e idealizadores do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

São eles: o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e seu irmão, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ); e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Rivaldo Barbosa.

Um dos suspeitos, o conselheiro do TCE, foi apontado em 2018 como mandante do crime, através da delação premiada do ex-policial militar Élcio de Queiroz. Domingos Brazão além de seguir impune, em janeiro deste ano acessou o benefício de 360 dias de férias retroativas em dinheiro.

Já o então delegado Rivaldo Barbosa, assumiu o cargo na Polícia Civil no dia 13 de março de 2018, um dia antes do crime – ele é suspeito de obstrução das investigações. 

“Rivaldo que recebeu nossas famílias logo após a morte de Marielle e Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das burocracias podem produzir, dizendo que o caso seria uma prioridade máxima”, lembrou Mônica Benício, viúva de Marielle Franco.

Neste domingo, assistimos a um emblemático episódio do “Caso Marielle e Anderson”, um dos mais influentes e bárbaros crimes da frágil e recente democracia brasileira. A barbaridade operada pelos Brazão, Rivaldo e pelos ex policiais militares Élcio Queiroz e Ronie Lessa, contra Marielle, Anderson e suas famílias, expõe as alianças familiares, raciais e econômicas entre a política, as polícias, o sistema de justiça e o crime organizado no Rio de Janeiro, e em todo país, que faz de nós, pessoas e comunidades negras, as principais vítimas da violência política.

A justiça institucional no Brasil nunca inspirou esperança para nós, povo negro, mas os acontecimentos deste 24 de março provocam nosso compromisso com a luta por justiça, pela memória de Marielle e por um mundo onde vozes corajosas como a dela possam ser projetadas sem medo.

Que os responsáveis sejam julgados e condenados. Que estas prisões sejam um começo de verdade e reparação para todos aqueles que foram afetados por essa tragédia.

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