Após serem acusados de furtar dois pacotes de leite, casal negro é espancado por serguranças em supermercado da rede Carrefour, em Salvador (BA)

A sessão de tortura foi gravada pelos agressores, o grupo Carrefour, responsável pela loja lamentou o ocorrido e afirmou querer pedir desculpas ao casal

A sessão de tortura foi gravada pelos agressores, o grupo Carrefour, responsável pela loja lamentou o ocorrido  e afirmou querer pedir desculpas ao casal

Por Patrícia Rosa

Imagem: Reprodução Redes Sociais

Circula nas redes sociais um vídeo onde um casal negro aparece sofrendo agressões por  parte de seguranças de uma unidade do Big Bompreço, supermercado da rede Carrefour, do bairro de São Cristóvão, em Salvador. A violência aconteceu na última sexta-feira (05). Os agentes teriam flagrado o casal, identificados como Jamile  e  Jeremias, com dois pacotes de leite e iniciaram uma sessão de tortura na área externa do supermercado.

A gravação da violência foi feita pelos próprios seguranças. A mulher aparece sendo questionada o porquê de estar alí, ela então mostra a mochila com os pacotes de leite e  afirma, “precisando de coisas para minha filha”.  Após a confissão a mulher é agredida com um tapa no rosto. Ao fundo é possível ouvir Jeremias sendo espancado. O rapaz aparece sentado no chão, sendo xingado e golpeado com socos.

A rede Carrefour se manifestou através de nota lamentando a situação  e comunicando que instalou uma apuração do caso. O Carrefour também declarou que após tomar conhecimento do vídeo decidiu registrar na polícia o crime de lesão corporal. De acordo com as informações, foi rescindido o contrato com a empresa responsável pela segurança da área externa da loja, onde as agressões aconteceram.

“Esta denúncia foi registrada eletronicamente, com número de protocolo 2023/0000257096-0, e encaminhada à 12ª Delegacia Territorial – Itapuã. Esta medida reforça o nosso compromisso de sermos incansáveis no combate a qualquer tipo de violência”. A rede de supermercados ainda declarou que foi analisado que um dos agressores tem uma tatuagem na mão, não detectada em nenhum dos funcionários:

“No avanço das nossas investigações internas, apuramos que nenhum profissional direto ou indireto que atua na unidade tem essa tatuagem. Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências”, diz o grupo.

Histórico de violência

O Grupo Carrefour tem um histórico  recorrente de casos de violência e racismo em suas unidades. No último dia  7 de abril, a professora  Isabel de Oliveira, denunciou ser vítima de racismo dentro de uma loja da rede, o supermercado Atacadão, em Curitiba (PR). Ela foi seguida por um segurança dentro do estabelecimento durante uma ida à unidade. Isabel se retirou da loja, horas mais tarde voltou para finalizar suas compras, ficando apenas de calcinha e sutiã, para mostrar que não estava furtando, e com uma frase registrada no corpo, “sou uma ameaça”.

No mesmo fim de semana do caso de racismo na unidade de Curitiba, o artista negro Víciu de Paula, marido da jogadora da seleção brasileira de vôlei Fabiana Claudino, denunciou ser vítima de racismo em uma unidade da Carrefour, de São Paulo.  

O artista denunciou que teve o atendimento negado em um caixa preferencial, que estava vazio e sem fila no momento do ocorrido. De acordo com o relato da vítima, o atendimento não foi negado para uma cliente branca, que também não estava entre os critérios de prioridade.

No dia 19 de novembro de 2020, véspera do dia da consciência negra, a vítima foi um homem negro de 40 anos, João Alberto Silveira Freitas, foi espancado até a morte por seguranças em uma unidade em Porto Alegre.

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