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Baiana do Recôncavo, conheça Drª Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra da história do Brasil

Nascida no século XIX, ainda no período escravocrata, ela seguiu os passos do pai e formou-se em medicina

Por Késsia Carolaine

No dia 15 de dezembro de 1909, Maria Odília Teixeira formou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, tornando-se a primeira médica negra do Brasil. Cinco anos depois, assumiu o cargo de professora na mesma instituição. Nascida em 1884, em São Félix, no Recôncavo Baiano, a baiana estudou temas ousados para a época, como a cirrose. Sua trajetória foi diferente da maioria das mulheres que se formavam em medicina, já que a maioria seguia carreira em ginecologia e pediatria.

Maria seguiu os passos de seu pai, José Teixeira, que também era médico renomado. Sua mãe, Josephina Luiza Palma, era uma mulher negra filha de uma ex-escravizada. Aos 13 anos, deixou sua cidade natal e mudou-se para Salvador, onde estudou no Ginásio da Bahia. Anos depois, ingressou na faculdade, demonstrando não apenas paixão pelo conhecimento, mas também grande talento: falava cinco idiomas. Seu irmão, Joaquim Teixeira, também seguiu carreira na medicina.

Em reconhecimento ao seu legado, no dia 8 de agosto, às 19h, o centro cirúrgico do Alclin Hospital de Olhos, localizado em Itaigara, Salvador, foi batizado em sua homenagem. Essa não é a primeira vez que a vida e a carreira da médica são celebradas. Em 2019, sua trajetória tornou-se tema de uma dissertação na Universidade Federal da Bahia (UFBA), servindo de inspiração, especialmente para quem segue a medicina.

“É uma honra eternizar o nome da minha avó, Dra. Maria Odília Teixeira Lavigne, no centro cirúrgico da Alclin. Este gesto simboliza o reconhecimento de uma trajetória marcada por superação, coragem e pioneirismo. Que sua história inspire os profissionais e pacientes que passarem por aqui, reforçando a importância de uma medicina mais humana, inclusiva e comprometida com a excelência”, declara o diretor-presidente da Alclin, Dr. André Luis Lavigne.

Em 2024, foi lançado o documentário “Quem é essa mulher?”. Dirigido pela cineasta Mariana Jaspe, em parceria com a Maré Produções, o filme retrata a história de Maria Odília, tendo a Bahia como pano de fundo enquanto sua vida e contribuições são detalhadas.

Médicos negros ainda são minoria no Brasil

O curso de medicina no Brasil ainda é de difícil acesso, seja pelo alto custo das universidades particulares ou pelas notas de corte elevadas nas instituições públicas. Essa barreira limita especialmente o ingresso de pessoas socioeconomicamente vulneráveis, sobretudo negras. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), apenas 3% dos médicos no país são negros.

Os dados tornam-se ainda mais alarmantes quando se observa que, no mesmo período, o acesso de pessoas negras ao ensino superior aumentou significativamente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2000 e 2022, o número de estudantes negros em cursos de graduação quintuplicou. 

Portanto, enfrentar essa realidade exige um compromisso coletivo com a equidade, que vá além do acesso ao ensino superior e alcance a permanência e a formação de qualidade para todos. A democratização da medicina passa, deve passar por uma revisão das estruturas de acesso, apoio e valorização da diversidade dentro da profissão. Somente assim será possível construir um sistema de saúde mais representativo, justo e capaz de atender às necessidades da população brasileira.

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