Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra coleta pela primeira vez dados sobre anemia falciforme

Entre os dados apurados, o Ministério da Saúde coletou e organizou informações relacionadas à doença falciforme pela primeira vez

Entre os dados apurados, o Ministério da Saúde coletou e organizou informações relacionadas à doença falciforme pela primeira vez

Por Karla Souza

Imagem: Reprodução Ministério da Saúde


No dia 23 de outubro, o Ministério da Saúde e o Ministério da Igualdade Racial lançaram conjuntamente o Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra. O relatório, publicado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, fornece informações sobre a taxa de mortalidade materna no Brasil, a proporção de mulheres no país e, de forma inédita, coleta dados sobre a doença falciforme.

A iniciativa tem como objetivo a coleta e análise de dados de saúde da população negra, direcionando a formulação de políticas públicas para combater o racismo, reduzir as desigualdades vigentes e promover a saúde nos próximos anos.

O documento reintroduz a análise epidemiológica com base na autodeclaração de raça-cor, algo que não era feito desde 2015, e inova ao consolidar dados de doenças e agravos provenientes de diversos sistemas de informação da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.

Dividido em dois volumes, cada um dos boletins tem foco em dados específicos. O primeiro volume aborda questões relacionadas à saúde da população negra, como saúde materno-infantil, doença falciforme, informações sobre vacinação e as principais causas de mortalidade separadas por raça/cor. Enquanto isso, o segundo volume se concentra em indicadores relacionados a infecções sexualmente transmissíveis, malária, leishmaniose tegumentar e tuberculose entre a população negra.

Doença Falciforme

A anemia falciforme é hereditária e tem incidência predominante na população negra, se caracterizando pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice. No Brasil, estimativas apontam de 60 mil a 100 mil pessoas com a doença, com a Bahia apresentando a maior incidência (9,46 casos por 100 mil habitantes), seguida por São Paulo (6,52) e Piauí (6,23).

Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) de 2014 a 2020 revelam uma taxa de mortalidade de 0,22 por 100 mil habitantes, com a faixa etária de 20 a 29 anos tendo o maior percentual de óbitos.

O diagnóstico da doença falciforme é amplamente realizado pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal (teste do pezinho). Segundo o Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra, a cobertura média do programa no Brasil foi de 82,37% entre 2014 e 2020. Durante esse período, houve uma média de um caso de doença falciforme a cada 2,5 mil nascidos vivos (cerca de 1,1 mil casos por ano) e dois casos de traço falciforme a cada cem nascidos vivos (média de 63 mil casos por ano).

Mortalidade de gestantes por hipertensão

Entre os dados levantados, está a taxa de mortalidade de gestantes por hipertensão, que diminuiu significativamente entre mulheres indígenas, registrando uma queda de quase 30%, bem como entre as mulheres brancas (-6%) e pardas (-1,6%) no período de 2010 a 2020. No entanto, há o aumento de 5% na taxa de mortalidade entre as gestantes negras brasileiras durante o mesmo período.

Acesse os boletins através dos links abaixo:

Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra – Vol.01 

Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra – Vol.02 

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