Cantora Luciane Dom denuncia racismo no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro

A Infraero emitiu uma nota e negou a revista aos cabelos da cantora, afirmando que se tratava de uma revista aleatória

A Infraero emitiu uma nota e negou a revista aos cabelos da cantora, afirmando que se tratava de uma revista aleatória

Por Patrícia Rosa

Imagem: Reprodução Redes Sociais

A cantora Luciane Dom, relatou nas redes sociais que teve seu cabelo revistado em um procedimento de “revista aleatória” no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro (RJ), nesta quinta-feira (14). Ao falar da abordagem racista, Luciane contou estar frustrada e decepcionada, por mais que seja uma abordagem esperada vindo de uma estrutura racista.

“Chego no aeroporto Santos Dumont e sou parada por uma ‘revista aleatória’, minutos antes de embarcar. A mulher me diz ‘tenho que olhar seu cabelo’. Eu olho pra ela aterrorizada com a violência desse ato. Ela chama o superior. Meu dia acabou.”

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), emitiu uma nota na noite desta quinta-feira (14), negando a revista no cabelo da cantora e afirmando que se tratava de uma revista aleatória. “A cantora Luciane Dom foi selecionada aleatoriamente para uma inspeção manual. Após uma averiguação interna, constatou-se, por meio de imagens de câmeras de segurança, que não houve uma inspeção nos cabelos. Importante ressaltar que a inspeção de segurança aleatória é independente de origem, sexo, idade, profissão, cargo, orientaçao sexual, religiosa ou qualquer outra característica do passageiro”, diz a empresa.

Após a nota divulgada pela Infraero, Luciane fez outro relato nas suas redes sociais: “Eu sei o que ouvi hoje no scam. Foi tudo muito rápido e sutil, o racismo de todo o dia não se vê em câmeras de segurança. Peço que parem o assédio e a redução dessa violência.”

A cantora viajava para São Paulo (SP) onde faria a apresentação do musical “Viva o Povo Brasieliro” e destacou nos seus stories que não iria se deixar abalar.

“Essa pessoa que fez isso está adoecida e eu não quero ficar adoecida por algo que vem dela, que é algo muito ruim, muito cruel. Eu tenho um musical para fazer, eu tenho uma música para lançar, e essa música fala sobre tudo o que eu sonho, sobre dignidade mesmo, então eu queria estar falando sobre outras coisas”, declarou a cantora.

Não é um caso isolado

São frequentes os relatos de pessoas negras que são vítimas de ‘revistas aleatórias’ em aeroportos. Em 2017, por exemplo, a então vereadora Marielle Franco foi submetida à revista no aeroporto de Brasília, e denunciou que teve até seu ‘black’ vasculhado. Contou ainda ter recebido apoio de outra mulher negra que também foi revistada na mesma ocasião.

Leia o especial sobre o tema produzido pela Afirmativa em novembro

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