De acordo com a família, o responsável pelo quiosque estava devendo dois dias de pagamento ao rapaz, que, ao cobrar dívida, foi espancado até a morte
Da Redação
Imagem: Reprodução Tv/Globo
No último sábado (29), um protesto reuniu a família de um jovem congolês de 25 anos na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para cobrar respostas sobre seu assassinato e denunciando que os órgãos da vítima foram retirados no Instituto Médico-Legal (IML). Moïse Kabamgabe trabalhava por diárias em um quiosque na Barra da Tijuca, e o crime aconteceu na última segunda-feira (24).
Kabamgabe nasceu no Congo, na África, mas a família deixou o país para fugir da guerra e da fome. De acordo com a própria família, o responsável pelo quiosque estava devendo dois dias de pagamento ao rapaz, que, ao cobrar dívida, foi espancado até a morte. O irmão da vítima, Djodjo Baraka Kabagambe, relatou que o amarraram, e que a polícia veio depois de 20 ou 40 minutos.
O corpo foi enterrado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, no domingo (30). O sepultamento foi marcado por protestos, os familiares pedem uma apuração rigorosa do caso.
Para a mãe de Kobamgabe, a violência foi motivada por racismo. Foram pelo menos 15 minutos de agressões, registrados pelas câmeras de segurança do estabelecimento. Segundo testemunhas, foram cinco homens batendo no congolês, utilizando pedaços de madeira e um taco de beisebol.
De acordo com um primo do jovem, as gravações o mostram reclamando com o gerente, que o ameaçou com um pedaço de madeira, e chamou pessoas que estavam em frente ao quiosque para ajudá-lo. E foi quando as agressões se agravaram, arremessando Kobamgabe no chão e tentando dar golpes de mata-leão no rapaz, chegando a amarrá-lo enquanto desferiam socos e golpes com o taco de beisebol até que desmaiasse.
Depois disso, segundo o relato do primo, o trabalho no quiosque continuou. O grupo que ajudou o gerente foi embora, enquanto este continuava atendendo clientes com o corpo do congolês no local.
Apenas na manhã seguinte, terça-feira (25), os familiares tiveram conhecimento do assassinato. A situação se tornou ainda mais dramática quando, ao chegar para reconhecer o corpo no IML, o encontraram sem seus órgãos. Mesmo sem autorização da mãe, ou do próprio Kobamgabe de ser doador de órgãos.
A Polícia Militar afirma que chegou ao local depois do Samu e acionou a Divisão de Homicídios. Enquanto a Polícia Civil disse que oito pessoas já foram ouvidas, destas, de acordo com os familiares, cinco estariam envolvidas no crime. A Polícia Civil também afirmou que está analisando as imagens das câmeras de segurança, e negou que os órgãos da vítima tenham sido retirados no IML.