Do total de baleados em Salvador (BA) e RMS em novembro, 26% foram atingidos durante operações policiais

De acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado, das 144 pessoas baleadas, 57 eram negras (39%), três brancas (2%), e 84 (58%) não tiveram recortes raciais identificados

Texto: Divulgação

Imagem: PM/Ba Divulgação

A violência armada fez 144 vítimas em Salvador (BA) e Região Metropolitana durante o mês de novembro, de acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado. O relatório da organização aponta 141 tiroteios, com 121 mortos e 23 feridos. Três casos de chacinas foram apurados em novembro, dois deles durante ações e operações policiais.

Pelo segundo mês consecutivo, o município de Camaçari, localizado há 50km de Salvador, registrou 23 tiroteios e segue como segundo colocado no ranking do mapa da violência em 2023, depois da capital baiana.

Do total de baleados em Salvador e RMS no mês (144), 38 foram atingidos durante ações e operações policiais (33 mortos e 5 feridos), o que equivale a cerca de 26% dos casos. O relatório também registrou 12 vítimas fatais de chacinas; duas pessoas feridas por bala perdida e duas mulheres vítimas de feminicídio. 

Das 144 pessoas baleadas, 57 eram negras (39%), três brancas (2%), e 84 (58%) não tiveram recortes raciais identificados. Ainda sobre o perfil das vítimas, entre os 121 mortos, 111 eram homens e 10 eram mulheres. Já entre os 23 feridos, 15 eram homens e oito eram mulheres.

Além disso, outras circunstâncias que envolveram a violência armada durante o último mês foram:

– Dentro de residências (18 mortos e dois feridos);

– Disputas entre grupos armados (quatro mortos e dois feridos);

– Durante roubo/tentativa (três mortos e três feridos);

– Durante perseguições (dois mortos e dois feridos).

Das diversas ocorrências, o número de crianças atingidas também se destaca: uma morta e três feridas). Já entre os adolescentes, foram seis mortos pela violência armada. 

Para Tailane Muniz, coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, “Embora Salvador concentre naturalmente mais tiroteios e baleados por reunir uma concentração maior de pessoas, é possível observar que as maiores cidades da RMS, a exemplo de Camaçari, repetem dinâmicas da violência armada. Assim como na capital, crianças e adolescentes são cada vez mais afetados direta ou indiretamente pelos tiroteios, em espaços diversos, mas com menos olhares voltados para o problema.”

O mapa da violência armada
  • Salvador: 94 tiroteios, 78 mortos e 15 feridos
  • Camaçari: 23 tiroteios, 20 mortos e 7 feridos
  • Lauro de Freitas: 8 tiroteios e 8 mortos
  • Dias D’ávila: 4 tiroteios, 3 mortos e 1 ferido
  • Vera Cruz: 3 tiroteios e 3 mortos
  • Candeias: 2 tiroteios e 2 mortos
  • Mata de São João: 2 tiroteios e 2 mortos
  • Simões Filho: 2 tiroteios e 2 mortos
  • Madre de Deus: 1 tiroteio e 1 morto
  • Pojuca: 1 tiroteio e 1 morto
  • São Francisco do Conde: 1 tiroteio e 1 morto
Queda dos números em relação a outubro

Os números são altos, mas ainda assim houve uma redução de 8% em relação ao total de baleados do mês anterior. Em outubro, 157 pessoas foram baleadas: 123 foram mortas e 34 ficaram feridas. O número de tiroteios registrados no último mês também teve uma redução de 11% em relação a outubro, quando foram contabilizados 158 tiroteios.

Os tiroteios durante ações e operações policiais também apresentaram redução em comparação a outubro. Em novembro, foram 42 tiroteios durante operações policiais, de um total de 141. Já em outubro, foram somados 61 tiroteios durante ações da polícia, dentro de um total de 158. O que equivale a uma redução de 31% nesses casos.

Para acessar o relatório na íntegra, clique aqui.

Sobre o Fogo Cruzado 

O Fogo Cruzado é um Instituto que utiliza tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada. O laboratório de dados da instituição produz mais de 40 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife, de Salvador e de Belém.Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado obtém e disponibiliza informações sobre tiroteios, verificados em tempo real. Se trata do único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.

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