O documentário Pajubá entrevistou Keyla Simpson, presidente da ANTRA. O filme é dirigido por Gautier Lee, com roteiro de Hela Santana
Texto: Divulgação
Imagem: Carol Brandão
O documentário Pajubá está em fase de gravações de depoimentos de pessoas das cinco regiões do Brasil, dando visibilidade às vivências e desafios de cada uma delas. Após passagem no Rio Grande do Sul, o filme chega à Bahia e tem a participação da presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), Keila Simpson. A gravação da ativista foi realizada na última terça-feira (03), no Museu de Arte Moderna da Bahia, o MAM-BA.
Ao todo, 28 pessoas trans das cinco regiões do país e de diversas áreas serão entrevistadas na obra. Entre elas a deputada federal Érika Hilton e o jornalista Caê Vasconcelos.
Pajubá é dirigido por Gautier Lee, cineasta negra, angrense e não-binária, e que tem um desafio nas mãos, que é entrelaçar essas histórias e colocar na tela do cinema.
“O Brasil é continental, somos a maior parte da América do Sul. Estamos tentando traduzir isso dentro do nosso recorte de vivências, pessoas e cultura trans. Queremos mostrar que existe cultura e história trans em todas as partes desse país e acima de tudo celebrar que há diversidade dentro da adversidade”, explica.
“Ter Keyla Simpson participando desse projeto é incrível. Esse é o primeiro longa que estou dirigindo e eu vou ter a presença de uma pessoa que está literalmente lutando desde que eu nasci”, acrescenta.
Primeira travesti a ser nomeada Doutor Honoris Causa no Brasil, título dado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2022, Keyla afirma estar honrada por participar do filme. “O filme se comunica com uma parte da população que não está habituada com essas histórias e que talvez não parariam na esquina pra te ouvir.”
Os desafios de Pajubá
O roteiro do filme é assinado por Hela Santana, escritora negra, trans e baiana, radicada em São Paulo. Além da dificuldade financeira para seguir com o projeto, outros desafios surgiram durante a construção do roteiro.
“Temos um documentário, mas também uma narrativa ficcional, com performance e música. A maior dificuldade, para além da óbvia financeira, foi encontrar um elemento temático que unisse tudo isso com uma narrativa coesa.”, avalia.
Hela Santana é roteirista da antologia de Histórias (Im)possíveis e Encantado’s 2, além de ser consultora de diversidade da recém estreada novela Elas por Elas, da TV Globo. Já Gautier Lee, está à frente dos roteiros das segundas temporadas das séries De Volta aos 15, da Netflix, e Auto Posto, do Comedy Central.
Após uma temporada em trabalhos com ficção, as cineastas estão focadas nas gravações de Pajubá, que devem levar um mês. A obra está prevista para ser lançada em 2024.
“Tenho estudado bastante, tanto a linguagem documental, como as referências que eu e Hela pensamos para esse projeto. Uma das questões mais difíceis ao se fazer um filme, é fazer com que a equipe esteja fazendo o mesmo filme.”, destaca Gautier.
A equipe de Pajubá é composta majoritariamente por pessoas trans e negras. Keila Simpson destaca a diversidade por trás das câmeras.
“Esse é o espaço mais importante que a gente tem esperado. São produções de pessoas trans com pessoas trans que vão dialogar com a sociedade. É necessário ter mais pessoas trans em várias outras áreas se destacando pra gente fazer a nossa referência pro Brasil.” A obra cinematográfica “Pajubá” foi contemplada no Edital de Concurso FAC Filma RS, e tem apoio financeiro do Fundo de Apoio à Cultura – Pró-cultura RS FAC, Lei nº 13.490/10 SEDAC nº 01/2022. O documentário tem produção-executiva de Rubian Melo e Aline Fontes.