“Ecos de Búzios”: Livro sobre comunicação e relações étnico-raciais será lançado no Muncab, em Salvador (BA)

Organizado pelo Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social, a obra aborda temas como racismo algorítmico; jornalismo e racismo estrutural; periferias e direito à comunicação; comunicação comunitária; entre outros.

Texto: Divulgação

Na próxima sexta-feira (29), o Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (Muncab), no Centro Histórico de Salvador (BA), receberá o lançamento nacional do livro Ecos de Búzios: contribuições ao debate brasileiro sobre comunicação e relações étnico-raciais. O evento acontece às 9h, com a presença de autoras e autores do livro, atrações culturais, música e comes e bebes. A entrada é gratuita. 

Organizado pelo Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social, por meio da sua Setorial Dandara, a obra reúne artigos, entrevistas e ensaios escritos por intelectuais e ativistas comprometidos com a justiça racial e com trabalhos relevantes na área da comunicação.

O livro aborda temáticas como racismo algorítmico; jornalismo e racismo estrutural; inteligência artificial e automatização de estereótipos raciais; interseccionalidade e governança da internet; soberania tecnológica e justiça racial; periferias e direito à comunicação; políticas de comunicação e racismo; cinema e negritude; comunicação comunitária.

Paulo Victor Melo, um dos organizadores da obra, explica que ela parte do seguinte entendimento: não é possível afirmarmos a existência de uma comunicação democrática se não for esta comunicação profundamente marcada pela equidade étnico-racial. Para ele, por mais que a afirmação possa parecer óbvia, se faz necessária.

“O que é mesmo ter diversidade na comunicação? Em que aspectos da comunicação é preciso ter diversidade?  Queremos, então, qualificar este debate, ressaltando a centralidade da questão étnico-racial para uma Comunicação democrática”, completa.

Revolta dos Búzios e a mídia negra brasileira 

O nome Ecos de Búzios diz respeito à inspiração do livro na Revolta dos Búzios, um levante negro deflagrado em 12 de agosto de 1798, considerado um dos mais amplos do ponto de vista político, econômico e social da história. Neste dia, 11 boletins pedindo liberdade, igualdade e o fim da escravização foram espalhados em pontos estratégicos da capital baiana, boletins que foram chamados de “sediciosos” pela Coroa Portuguesa. A data é simbólica para a história da imprensa e mídia negra brasileira.

Assim como os boletins sediciosos da Revolta dos Búzios, os textos da publicação do Intervozes têm por objetivo cumprir um papel de denúncia e anúncio: a denúncia das desigualdades estruturais de comunicação, notadamente pela perspectiva racial, e o anúncio de ideias para uma espécie de programa preto das comunicações no Brasil.

A inspiração em Búzios, de acordo com os organizadores da obra, Paulo Victor Melo e Tâmara Terso, assenta-se na noção de que a questão racial é determinante tanto na formação social, política e econômica da sociedade e do Estado brasileiros quanto na estruturação dos meios de comunicação no país. “Os Boletins Sediciosos foram articulações no ambiente da comunicação para construção de lutas em defesa dos direitos das humanidades negras e indígenas”, afirmam. 

Ao assinar o texto de quarta capa da obra, o professor Muniz Sodré diz que “este é o primeiro livro a puxar um fio, com a perspectiva da questão racial, entre a Revolta dos Búzios e a organização moderna da sociedade e do Estado brasileiros, mostrando que a imprensa negra se pautou em seu surgimento pelas experiências embrionárias de sedição. Na leitura dos búzios de Ifá já se vislumbrava a emergência histórica do coletivo negro como sujeito na luta descolonial. Uma coletânea indispensável.”

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