Fazendas de café certificadas pela Starbucks são flagradas com trabalho escravo e infantil em Minas Gerais

Pelo menos quatro propriedades registraram esses crimes. Os casos estão detalhados no relatório “Por trás do café da Starbucks”, da Repórter Brasil. Em 2018, outra fazenda certificada pela rede de cafeterias foi flagrada com trabalho escravo.

Pelo menos quatro propriedades registraram esses crimes. Os casos estão detalhados no relatório “Por trás do café da Starbucks”, da Repórter Brasil. Em 2018, outra fazenda certificada pela rede de cafeterias foi flagrada com trabalho escravo.

Por Andressa Franco

Imagem: Repórter Brasil

Uma reportagem da Repórter Brasil revelou na última semana que a maior rede de cafeterias do mundo, a Starbucks, mantinha em seu programa de “aquisição ética” produtores flagrados com trabalho escravo e infantil, cafeicultores autuados por descontos ilegais nos salários, além de falta de fornecimento de água potável e de equipamentos de proteção básicos para a colheita do grão. A empresa americana tem 35 mil pontos de venda em 83 países.

Pelo menos quatro propriedades registraram esses crimes enquanto ainda eram fornecedoras da Starbucks. Os casos estão detalhados no relatório “Por trás do café da Starbucks”, publicado pela Repórter Brasil.

Segundo o levantamento da Repórter Brasil, fazendas de café em Minas Gerais que possuíam o selo Coffee and Farmer Equity, da Starbucks, ou seja, estavam avaliadas em mais de 200 indicadores ligados à transparência, qualidade, responsabilidade social e ambiental, foram flagradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego por violações trabalhistas.

Modelo de certificações é frágil

O dado reforça que o modelo de certificações não pode ser considerado uma garantia de que os fornecedores mantém seus trabalhadores em condições dignas. O que também é corroborado por diversos casos retratados no relatório da Repórter Brasil.

O Café Ourizona, por exemplo, conquistou o selo C.A.F.E. Practices um mês antes da Fazenda Mesas – ambos administrados pela mesma pessoa, Guilherme de Oliveira Lemos – localizada em Campos Altos (MG), ser flagrada mantendo 17 trabalhadores em condições análogas à escravidão, em agosto de 2022. Entre as fragilidades do selo estão inspeções que não acontecem durante a safra e auditorias avisadas com antecedência, ao invés de surpresas.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego também indicam que, em 2022, o cultivo de café foi uma das cinco atividades econômicas no Brasil onde mais houve exploração de mão-de-obra, considerando o número de resgatados. Em paralelo a isso, o setor ocupa a quarta posição no ranking de receita da balança comercial do Brasil. O país é o maior exportador do produto no mundo. Já a Starbucks, afirma que chega a comprar 3% do café produzido no mundo.

Não é a primeira vez

Em 2018, a Repórter Brasil também denunciou outro caso de fazenda de café certificada pela multinacional americana e flagrada com trabalho escravo. 

A fazenda Córrego das Almas, em Piumhi (MG) expunha em sua propriedade a placa: “Não é permitido trabalho escravo ou forçado”, além de várias certificações internacionais – entre elas, a C.A.F.E., ligada à Starbucks. No entanto, trabalhadores rurais das plantações de café eram expostos a condições degradantes, viviam em alojamentos precários, sem rede de esgoto e água potável. Foram 18 trabalhadores rurais resgatados em operação no local, por auditores-fiscais do Ministério do Trabalho.

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