Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Homem mata e leva corpo de jovem trans à delegacia e é liberado pela polícia no Oeste da Bahia

Suspeito se apresentou com o corpo da vítima, foi ouvido e liberado e responderá em liberdade. O caso gera indignação e mobiliza familiares, organizações e parlamentares
Imagem: Reprodução Instagram

Por Patrícia Rosa

Após matar estrangulada uma jovem trans de 18 anos, um motorista de aplicativo que se apresentou na delegacia com o corpo da vítima no carro foi ouvido e liberado na noite de sábado (06). A vítima era Rhianna Alves. Os dois saíram do município de Barreiras (BA) rumo a Luís Eduardo Magalhães (BA).

De acordo com o depoimento do suspeito, veiculado pelo Jornal Correio, o agressor teria dado um golpe de mata-leão na jovem após uma discussão, alegando ter agido em legítima defesa. O transfeminicídio está sob investigação da Delegacia Territorial de Luís Eduardo Magalhães. De acordo com informações da Polícia Civil, o suspeito, de 18 anos, segue respondendo em liberdade em razão de ter se apresentado espontaneamente na unidade policial e confessado o crime.

Nas redes sociais, Drycka Santana, irmã da jovem, fez um desabafo sobre a morte da irmã. “Tinha um lindo futuro pela frente, mas não escutou nossos conselhos. Eu sempre repetia a mesma frase: ‘Sai fora dessas amizades, elas vão te derrubar’, e realmente derrubou. Depois de quase um mês que aconteceu aquela briga, chega alguém e simplesmente te mata. Que todos os culpados paguem, porque eu tenho a certeza de que não foi só um.”

A jovem foi sepultada na manhã desta terça-feira (9). Desesperada, a irmã de Rhianna pede justiça.

E se fosse ao contrário?

A deputada Erika Hilton se manifestou nas redes sociais diante da morte da jovem. A parlamentar afirmou que denunciou ao Ministério Público Estadual o delegado e o autor do crime. Hilton cobrou esclarecimento do Governo do Estado da Bahia diante do caso e oficiou a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública.

“É inconcebível que um delegado não faça a prisão em flagrante de um assassino que levou um corpo até uma delegacia porque ele foi ‘bonzinho’, confessou o crime e jurou de dedinho que vai se comportar. Se uma pessoa matasse um colega de trabalho, um vizinho, um idoso ou uma criança, levasse o corpo até a delegacia e confessasse, ela seria liberada?”

Organizações como o Fonatrans, a Comissão Permanente de Diversidade Sexual e Gênero da OAB Bahia e o Coletivo Mães pela Resistência publicaram uma nota conjunta e começaram com uma chamada à reflexão: E se fosse ao contrário?

“Será que se uma travesti ou uma mulher trans tivesse matado um homem cisgênero heterossexual alegando legítima defesa, ela seria liberada do mesmo modo imediatamente!? Será que, afirmando que não houve flagrante, o Estado aceitaria a narrativa com a mesma tranquilidade!? A desigualdade de tratamento aparece de forma cruel. Os corpos cisgêneros recebem credibilidade e proteção instantâneas.”

O feminicídio de Rhianna soma-se ao quadro de crimes de ódio que atingem mulheres cis e trans no Brasil. 

Dados do Ministério das Mulheres, divulgados pela Agência Brasil, apontam que, em 2025, o Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios, o que equivale a uma média de cerca de três feminicídios por dia. Além disso, foram contabilizados quase 3 mil atendimentos diários pelo Ligue 180. No ano anterior, o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam) registrou 1.450 feminicídios no país e 2.485 homicídios dolosos e lesões corporais seguidas de morte.

Compartilhar:

.

.
.
.
.

plugins premium WordPress