O e-mail pressiona a vereadora a desistir de um processo contra o deputado; “Eu quebrei a placa da vagabunda da Marielle Franco e não deu em nada”, diz um trecho da mensagem
Por Andressa Franco
Imagem: Ascom Benny Briolli/Alerj
Na última sexta-feira (24), a vereadora Benny Briolly (PSOL) registrou nova ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) por ameaça, racismo, transfobia e coação no curso do processo.
A vereadora de Niterói recebeu um texto, enviado pelo e-mail institucional do parlamentar com ameaças de morte e ofensas racistas e transfóbicas. Com o título “já estou contando as balas”, o e-mail pressiona a vereadora a desistir de um processo contra o deputado por tê-la chamado de “boizebú” e “aberração da natureza”. A ameaça chegou no e-mail no dia 25 de maio e foi mantida em sigilo pela equipe até apurações iniciais.
“Eu quebrei a placa da vagabunda da Marielle Franco e não deu em nada […] Acha que vai dar em alguma coisa porque eu esculachei você seu traveco de merda? Foda-se a Decradi, foda-se a justiça, estou com o presidente Bolsonaro e nada vai acontecer […] Já você não deve falar nada e nem me processar. Se você não desistir do processo contra mim vou fechar essa sua boca podre pra sempre”, diz um trecho do e-mail, que também se refere à Benny como “macaco preto favelado fedorento”.
“Apesar de todas as denúncias que tenho feito, até agora não obtive qualquer resposta. O que mais será preciso acontecer para que seja tomada uma atitude? Que justiça é essa que não garante a minha existência e o pleno exercício da minha função legislativa?”, desabafa Briolly diante das mais de 20 ameaças de morte e 4 registros de ocorrência realizados ao longo dos últimos anos, sem resposta.
Os ataques contra a vereadora que levaram ao processo contra o deputado, aconteceram no dia 17 de maio, em sessão da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), e foi instaurado inquérito policial no dia 20 de Maio.
Rodrigo Amorim, que já quebrou a placa de Marielle Franco, nega que enviou o e-mail de seu gabinete e também registrou ocorrência na noite de ontem da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática – DRCI e se pronunciou no Twitter atacando novamente a vereadora chamando-a no masculino e por seu nome social antigo.
“Que país é esse em que há ameaças de morte de um parlamentar para o outro do e-mail institucional, como se fosse normal? Exijo investigação e retorno urgente das instituições públicas. Se Rodrigo Amorim e sua corja acham que ficarei intimidada, estão muito enganados. Não serei silenciada, não serei interrompida”, garante.
A parlamentar foi acompanhada de sua advogada pessoal Dra. Christiane Roman, a Dra. Mariana Pappacena do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos – PEPDDH e Joel Luiz Costa, advogado e Coordenador Executivo do Instituto de Defesa da População Negra – IDPN. Sua equipe Jurídica segue cobrando retorno.