Jovem negro morre após ser preso em Salvador: ‘polícia matou meu filho a pancadas’

Mais um caso de violência policial na Bahia, termina com a morte de um jovem negro. Fabiano, de 23 anos, morreu após ser preso pela Polícia Militar (PM) no Bairro da Paz, em Salvador, na madrugada de domingo (5).

Por Andressa Franco

Imagem: Reprodução Tv Santa Cruz

Mais um caso de violência policial na Bahia, termina com a morte de um jovem negro. Fabiano, de 23 anos, morreu após ser preso pela Polícia Militar (PM) no Bairro da Paz, em Salvador, na madrugada de domingo (5).

A versão da polícia diz que ele morreu após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itapuã, mas a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nega. De acordo com o órgão, o rapaz já chegou ao local sem vida.

A corporação afirma em sua versão que já se tornou um padrão nesses casos, que o Pelotão de Emprego Tático Operacional estava realizando uma abordagem por tráfico de drogas, houve uma troca de tiros, e logo em seguida Fabiano foi preso, mas havia resistido à prisão.

Marilene Santos, mãe do jovem, conta que quando chegou ao local o filho estava algemado e debilitado em decorrência das agressões dos agentes. Ela chegou a filmar o momento que Fabiano foi colocado na viatura e criticou a agressividade dos policiais, e afirma ainda ter sido agredida verbalmente por eles.

“Eu vou filmar o modo como vocês tratam as pessoas, o modo como vocês abordam, a partir do momento que eu vejo que meu filho está impossibilitado de qualquer reação contra vocês, algemado, com as mãos pra trás, bem debilitado”, relatou em entrevista à TV Bahia, sobre como se dirigiu aos policiais.

Após filmar os envolvidos na ação, ela conta também ter sido conduzida para dentro de uma viatura, diferente da que seu filho foi colocado, onde circularam por cerca de uma hora sem que ela soubesse para onde estavam se dirigindo.

Ainda segundo ela, o filho foi levado para a UPA Hélio Machado, em Itapuã, ainda com vida. Mas quando foi tirado do veículo, já estava desacordado “de tanto apanhar”. Marilene conta que ele foi colocado em uma cadeira de rodas, mas que a cadeira virou, e ele bateu a cabeça. Acrescenta ainda que um laudo médico apontou que o jovem teve diversos traumas na região da cabeça.

“A polícia matou o meu filho a pancadas”, desabafou.

Como se sabe por meio de relatórios com base em dados de órgãos de segurança pública, denúncias de organizações da sociedade civil e de populares que vivenciam a violência policial diariamente e pelo trabalho da imprensa, o caso não é isolado. Uma pesquisa publicada pela Rede de Observatórios de Segurança em Novembro de 2022, Pele alvo: a cor que a polícia apaga, mostra que na Bahia, de 616 pessoas mortas em decorrência de intervenção de agentes do estado em 2021, 603 eram negras.

O número representa 97,9% dos casos, quando descartados os casos em que a raça da vítima não é informada. Trata-se do maior percentual entre os sete estados monitorados pela Rede.

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