Liderança indígena diz à PF que yanomamis desaparecidos foram encontrados

Na última quinta-feira (5), o líder indígena Júnior Hekurari relatou em depoimento à Polícia Federal (PF) que alguns yanomamis que haviam desaparecidos de uma comunidade incendiada foram encontrados.

Segundo o relato de Hekurari à PF, os indígenas que moravam na comunidade se mudaram para outros locais da terra indígena

Da Redação

Imagem: Reprodução

Na última quinta-feira (5), o líder indígena Júnior Hekurari relatou em depoimento à Polícia Federal (PF) que alguns yanomamis que haviam desaparecidos de uma comunidade incendiada foram encontrados.

O caso ganhou repercussão quando Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), tornou público o caso de uma menina indígena de 12 anos, de Aracaçá, região de Waikás, em Roraima, morrer depois de ter sido sequestrada e estuprada por garimpeiros.

Segundo o relato de Hekurari à PF, os indígenas que moravam na comunidade de Aracaçá se mudaram para outros locais da terra indígena e parte deles reside agora em uma comunidade chamada Palimiú. Os próximos passos da PF agora estão voltados para a instalação de uma base de seis meses na região para tratar da escalada da violência dos garimpeiros contra os indígenas.

Hekukari, que visitou a região em Roraima nos dias 27 e 28 de abril, junto a equipes da PF, Ministério Público Federal, Funai (Fundação Nacional do Índio) e Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), para investigar a morte da menina, encontrou a comunidade onde viviam cerca de 24 yanomamis queimada e desabitada. Na visita, o ativista também encontrou um acampamento ilegal de garimpeiros a 500 metros da aldeia.

A PF, no entanto, afirmou em nota, não ter encontrado indícios do crime na visita. A conclusão foi divulgada em nota assinada pelo Ministério Público Federal, pela Funai e pela Sesai. A nota afirma ainda que vão prosseguir com as investigações.

De início, a Condisi já trabalhava com a possibilidade de que se tratasse de uma tradição da aldeia, de queimar e deixar o local de habitação após a morte de um indígena da comunidade.

“Esses indígenas foram coagidos e instruídos a não relatar qualquer ocorrência que tenha acontecido na região, dificultando a investigação da Polícia Federal e Ministério Público Federal, que acabaram relatando não haver qualquer indício de estupro ou desaparecimento de criança”, diz uma nota da entidade indígena.

Um vídeo gravado por garimpeiros dias antes mostra um homem falando com parte desses indígenas: “Estão dizendo que mataram uma índia, estupraram e jogaram, viemos aqui para relatar que isso é uma mentira. Isso é uma verdade ou uma mentira? Aconteceu?”, pergunta ele a quatro pessoas, que apenas balançam a cabeça e dizem “não”.

A região tem um largo histórico de ataques de garimpeiros a comunidades indígenas. Em 2021, por exemplo, a região de Palimiú, próxima a Aracaçá, teve diversas comunidades atacadas por garimpeiros armados.

Um relatório da entidade Hutukara Associação Yanomami indica ainda que a comunidade Aracaçá está “em vias de desaparecimento”. De acordo com o documento, parte dos indígenas já não produzem a própria comida (o que os deixa à mercê da alimentação dos garimpeiros). Além disso, a introdução de bebidas alcoólicas e doenças pelo garimpo é outra ameaça.

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