O Projeto Eco Folia Solidária agiu na 18ª edição da ação e coletou mais de 78 toneladas de recicláveis
Por Patrícia Rosa
Imagem: CAMA
Os seis dias de carnaval renderam mais de 78 toneladas de materiais recicláveis coletados em três circuitos do carnaval de Salvador (BA). A ação é de catadores e catadoras na 18ª edição do Projeto Eco Folia Solidária: Trabalho Descendente Preserva o Meio Ambiente.
Para muitos destes profissionais, os dias de folia são oportunidades para garantir uma maior fonte de renda. A catadora Aline Santos, fala sobre a importância do trabalho no carnaval, mas não deixa de apontar os preconceitos com a profissão: “Algumas pessoas nos chamam de lixeiras, mas não somos, graças a Deus, e ao projeto. Quero comprar uma geladeira ou uma televisão.”
No carnaval deste ano, 11 associações e cooperativas de coleta seletiva em parceria com o Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA) e o Fórum Estadual Lixo e Cidadania da Bahia, estão na gestão da iniciativa. “A ideia do projeto é beneficiar mil catadores e catadoras, durante o período do Carnaval”, afirmou Joilson Santana, coordenador da CAMA.
Os profissionais cadastrados recebem das cooperativas equipamentos básicos e necessários para o trabalho como, fardamento e equipamentos de proteção individual (EPI), como botas, luvas e protetores auriculares. Para a catadora Doraci Ramos, o projeto contribui também para a valorização dos catadores e da mão de obra. “Nós estamos fardados, devidamente identificados e cadastrados. Evita que as pessoas nos maltratem. A polícia nos respeita, somos reconhecidos”, disse a trabalhadora.
Os catadores e catadoras prestam um importante serviço para o meio ambiente durante todo o ano, no carnaval toneladas de lixo são produzidas. A coleta é feita por homens, que na sua grande maioria são negros que prestam um serviço necessário e que ainda vivem à margem dos direitos trabalhista sociais.
“É fundamental na maior festa de Rua do Planeta, que haja a garantia de direitos dos catadores e catadoras de materiais recicláveis. É importante destacar que 90% de tudo que é reciclado no país passa pelas mãos dos catadores e catadoras de materiais recicláveis, na sua maioria homens e mulheres negros e negras. Porém os maiores ganhos dessa cadeia, não ficam nessas mãos”, afirma o coordenador Joilson Santana.