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Menina de 11 anos sofre ataques racistas e tem crise de pânico em escola de Brasília

Segundo relatos, três alunas a agrediram verbalmente, fazendo comentários ofensivos sobre seu cabelo e cor da pele
Imagem: Freepik

Por Patrícia Rosa

Uma menina de 11 anos foi mais uma vítima do racismo nas escolas brasileiras. A estudante foi alvo de ofensas racistas por parte de colegas do Centro de Ensino Fundamental 01 (CEF 01), do Riacho Fundo II, em Brasília (DF).

Segundo relatos, três alunas a agrediram verbalmente, fazendo comentários ofensivos sobre seu cabelo e cor da pele. O resultado das situações violentas foi uma crise de pânico no último dia 2 de julho. A menina precisou ser atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Imagens do momento em que a estudante recebe atendimento circulam nas redes sociais e mostram o impacto emocional do episódio.

Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que investiga o caso.

À reportagem da Record TV, a irmã da vítima, que preferiu não se identificar, afirmou que os ataques começaram no início do ano letivo. A menina chegou a ser transferida para outra turma, mas as ofensas racistas continuaram. Segundo ela, quando as agressões começaram, a escola foi informada, mas as iniciativas adotadas teriam agravado o problema.

“A medida da escola, a princípio, foi comunicar os pais dessas meninas e marcar uma reunião. Mas isso não teve tanto efeito.”

As três estudantes envolvidas foram transferidas para outras escolas. Em nota enviada para a Afirmativa, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou que adotou providências para apurar o caso e acolher a vítima.

Segundo a pasta, no dia seguinte ao episódio, a Coordenação Regional de Ensino do Núcleo Bandeirante, junto à equipe gestora da unidade e à Assessoria de Cultura de Paz da SEEDF, realizou uma reunião de orientação e acolhimento com a família da estudante.

Racismo nas escolas

O caso ocorrido no Distrito Federal não é isolado. Em maio deste ano, uma adolescente negra de 15 anos foi vítima de racismo no Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo (SP). Ela foi encontrada desacordada no banheiro da escola, com um saco plástico amarrado na cabeça. A estudante vinha sendo alvo de violências racistas constantes desde maio de 2024. Entre os ataques, colegas de classe a chamavam de “cigarro queimado” e “lésbica preta”.

Segundo familiares, as denúncias feitas à escola foram ignoradas, e o sofrimento da adolescente foi deslegitimado inclusive por funcionários da instituição. A mãe da menina relatou que a filha chegava em casa chorando, dizia que era perseguida, excluída, e que não tinha amigos.

Casos como estes escancaram que a violência e o racismo contra crianças e adolescentes é uma triste rotina nas escolas brasileiras, sejam públicas ou privadas. A pesquisa Percepções sobre o Racismo no Brasil, realizada em 2023, aponta que 38% das pessoas negras relatam que já foram vítimas de racismo em escolas, faculdades ou universidades. 

A maioria destas vítimas eram jovens de 16 a 24 anos, e 48% eram mulheres pretas. Para Edneia Gonçalves, socióloga, educadora e coordenadora executiva adjunta da Ação Educativa, permitir o uso de apelidos e expressões pejorativas para se referir a pessoas negras no ambiente escolar é uma forma de naturalizar os traumas vividos por essa população ao longo de sua trajetória educacional. Além de contribuir para a perpetuação do racismo na sociedade.

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