Por Patrícia Rosa
O Ministério Público Federal decidiu pelo arquivamento da denúncia contra o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL/SC). Em Janeiro deste anos, durante um discurso na abertura da 40ª festa de Pomerode, uma cidade do interior do estado que possui cerca de 80% da população branca, o gestor destacou, em um tom orgulhoso, que um dos atrativos da cidade era a cor da pele das pessoas.
“Pomerode se destaca pela beleza turística que tem, pelas casas enxaimel, pela cor da pele das pessoas, pela mistura, pelo que representa para todos nós. Então, está aqui em Pomerode, todas as pessoas que vêm para cá voltam”, declarou o governador.
O Ministério Público Federal concluiu que a declaração de Mello não tinha a intenção de discriminar, pois não encontraram nenhum gesto que pudesse ser interpretado como voltado para a dominação, repressão ou supressão.
“São palavras que, embora possam ser lidas de forma isolada, traduzir alguma dúvida quanto à intenção de quem as proferiu, retomam o seu mais claro sentido, quando confrontadas com o discurso de que foram extraídas”, diz a decisão.
O Governador reagiu à decisão do MPF com uma postagem em sua rede social, afirmando que se sentiu ofendido. Na entrevista usada na publicação para ilustrar sua declaração, ele não mencionou o trecho em que afirma que a cor da pele das pessoas é um atrativo turístico da cidade.
“Tem uma turma que insiste em chamar o nosso estado de preconceituoso. É inveja, porque crescemos, nós nos desenvolvemos, somos um exemplo para o Brasil”, declarou o governador.
Coordenadora que compartilhou a entrevista foi exonerada do cargo
Kenia Kenia Jeremias Casagrande, que atuava como coordenadora da rádio da Secretaria de Comunicação Social(Secom), responsável pela publicação da entrevista, foi dispensada do cargo no dia 30 de janeiro. O áudio do início da celebração foi divulgado pelo vereador Leonel Camasão (PSOL/SC), que classificou o discurso como uma possível declaração criminosa.
Logo então o governador de Santa Catarina declarou em suas redes sociais que o vereador teria distorcido o conteúdo e negado qualquer ato racista. Após a exoneração da servidora, Camasão rebateu a atitude de Jorginho Mello.
“É espantoso que a pessoa que penalizada pela fala deplorável em relação a Pomerode seja quem divulgou, não que fez afirmações abjetas”, afirmou Camasão, em sua rede social.