Por Matheus Souza
Faleceu na última quinta-feira (25), aos 78 anos, a ativista estadunidense Assata Shakur. A morte foi anunciada pelo Ministério das Relações Exteriores de Cuba nesta sexta-feira (26). Nascida no bairro do Queens, em Nova Iorque, Shakur atuou no Partido dos Panteras Negras e foi uma importante figura na emancipação da população afro-americana.
A militante vivia exilada em Havana desde 1984, após ser vítima de uma emboscada policial em 1973, nos EUA, onde foi detida pela morte de um policial e condenada à prisão perpétua. A líder relata em sua autobiografia que foi vítima de abusos físicos e psicológicos na cadeia. A militante fugiu da prisão em 1979 e partiu para seu exílio.
No comunicado, publicado na página do Ministério das Relações Exteriores, o governo de Cuba declarou: “Em 25 de setembro de 2025 faleceu em Havana, Cuba, a cidadã americana Joanne Deborah Byron, ‘Assata Shakur’, em decorrência de problemas de saúde e idade avançada.”
Apesar de passadas quatro décadas desde a sua fuga, o governo estadunidense nunca desistiu de tentar extraditá-la. Em maio deste ano, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou no X (antigo Twitter) que o “regime cubano” continuava “proporcionando refúgio a terroristas e criminosos, incluindo fugitivos dos Estados Unidos”.
“Temos a obrigação, perante as vítimas e o povo americano, de manter nosso compromisso inabalável de exigir responsabilidades do regime cubano”, acrescentou o secretário, que acompanhou seu post com uma foto de Shakur e outra do policial que ela teria matado nos EUA em 1973.
Vida e Impacto
Ainda na faculdade, Shakur começou a desenvolver afinidade com ideais de teóricos revolucionários do socialismo africano, aprofundando os debates interseccionais entre raça e classe social. Como integrante dos Panteras Negras, ajudou a implementar diversas ações sociais na região do Harlem, como clínicas comunitárias e programas de alfabetização.
Em 1970, a ativista fundou o Exército da Libertação Negra, do qual atuava como líder. O grupo revolucionário de guerrilha urbana se tornou alvo da repressão do Departamento Federal de Investigação (FBI). Por conta do seu envolvimento com movimentos sociais e políticos, Shakur foi incluída na lista de terroristas mais procurados dos Estados Unidos, sendo a primeira mulher a receber a classificação.
Joanne Deborah Byron viveu sob o pseudônimo de ‘Assata Olugbala Shakur’. Em sua autobiografia ela explica o porquê de ter escolhido o nome: “Parecia tão estranho quando as pessoas me chamavam de Joanne. Realmente não tinha nada a ver comigo. Eu não me sentia nenhuma Joanne, nenhuma negra, nenhuma americana. Eu me sentia como uma mulher africana”.
A ativista também era poetisa, escritora e foi madrinha do rapper Tupac Shakur.


