Por Catiane Pereira*
O juiz negro Edinaldo César Santos Júnior, de 49 anos, foi encontrado morto neste domingo (1º) em seu apartamento, localizado no bairro Atalaia, em Aracaju (SE). De acordo o portal G1, não foram identificados sinais de violência no corpo e nem no local. Exames periciais serão realizados para esclarecer a causa da morte.
Edinaldo atuava como juiz auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e era juiz de direito do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). Acadêmico comprometido com a defesa dos direitos humanos, era doutorando e mestre pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), além de especialista pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Com uma trajetória marcada pela dedicação às áreas da infância, juventude e direitos humanos, contribuiu para a formulação de políticas institucionais relevantes. No CNJ, teve papel ativo na pauta da adoção, empenhando-se para tornar os processos mais céleres e humanos, em benefício de crianças e adolescentes. Também se destacou na defesa dos direitos de jovens em conflito com a lei, atuando no aprimoramento do sistema socioeducativo.
Em janeiro deste ano, ao completar 20 anos de magistratura, Edinaldo publicou um depoimento em que expressava o orgulho pela carreira e pela atuação voltada à infância:
“O jovem preto queria uma chance de provar que era possível. E deu certo (…) Nesses 20 anos de profissão, descobri que é na infância que consigo fazer ainda maior diferença; descobri que o Direito nem sempre traz a solução inteira, mas com o coração presente na decisão (…) conseguimos a completude que resolve as questões.”
Em respeito à sua memória, o Poder Judiciário de Sergipe decretou luto oficial de três dias. Em nota publicada nas redes sociais, o TJSE lamentou profundamente a perda, destacando o profissionalismo, a sensibilidade e o espírito público do juiz, além de sua contribuição para a modernização do Judiciário e a promoção dos direitos das infâncias e juventudes.
Também pelas redes, o Ministério da Igualdade Racial (MIR) ressaltou que Edinaldo foi um dos principais expoentes da magistratura negra no país, elogiando sua tenacidade, gentileza e visão humanista. O MIR destacou ainda que ele foi um dos idealizadores do Encontro Nacional de Juízes e Juízas Negros (Enajun).
A OAB Nacional também divulgou nota lamentando o falecimento do magistrado. A ordem ressaltou sua atuação na promoção da equidade racial no Judiciário. De acordo com a secretária-geral do Conselho Federal, Rose Morais, “o juiz Edinaldo César foi um defensor incansável da inclusão e da igualdade racial no sistema de Justiça. Sua trajetória honra a magistratura e nos convoca a seguir firmes no combate ao racismo”.
*Com informações do G1