Morre Januário Garcia, responsável por registrar as lutas do povo negro através da fogtografia

Morreu vítima da covid-19, na noite desta quarta-feira (30), o fotógrafo Januário Garcia, aos 77 anos de idade. Internado no início de junho com pancreatite, apresentou insuficiência respiratória duas semanas depois de sua internação, foi quando testou positivo para

Morre Januário Garcia, responsável por registrar as lutas do povo negro através da fogtografia

Por Andressa Franco

Morreu vítima da covid-19, na noite desta quarta-feira (30), o fotógrafo Januário Garcia, aos 77 anos de idade. Internado no início de junho com pancreatite, apresentou insuficiência respiratória duas semanas depois de sua internação, foi quando testou positivo para coronavírus. Formado em comunicação visual pela International Camararen School, Januário foi presidente do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, membro do Conselho Memorial Zumbi, e responsável por registrar, através da fotografia, as lutas do povo negro para se inserir na sociedade.

Desafiando as barreiras do racismo, abriu um estúdio para trabalhar com publicidade, ramo onde não encontrava outras pessoas negras facilmente, o único outro fotógrafo negro que encontrou enquanto trabalhou com publicidade, foi Walter Firmo. Suas lentes produziram as fotos de capas de álbuns de diversos artistas como Gilberto Gil, Tim Maia, Chico Buarque e outros. O trabalho de Januário foi exposto, além do Brasil, em países como Canadá, México, Bélgica, Senegal, Togo, Nigéria, Estados Unidos, Áustria e Japão.

Passou a infância na periferia de Belo Horizonte com os pais e os três irmãos, tendo perdido o pai aos quatro anos de idade, e aos 12 a mãe, se mudando para o Rio de Janeiro aos 13. Comprou sua primeira câmera fotográfica aos 17 anos, durante o período em que foi voluntário da Tropa de Paraquedistas do Exército, onde fazia fotos dos colegas no quartel, passada a fase no Exército, só retomou a fotografia nos anos 1970, quando iniciou sua carreira profissional em trabalhos para a imprensa.

A introdução de Januário ao Movimento Negro se deu em 1975, quando participou de uma reunião no Centro de Estudos Afro-asiáticos na Universidade Cândido Mendes, em Ipanema. Ele voltou nas reuniões seguintes, e passou a fazer fotos desses encontros, se dedicando a esse trabalho de documentação por décadas, como uma ferramenta de contribuição para a memória do Movimento Negro Brasileiro. “Na minha geração ninguém vai poder falar que o negro não tem memória porque vai ter. Eu vou fazer essa memória!”.

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