Motorista de aplicativo se recusa a prestar serviço para Ialorixá em João Pessoa (PB)

Após denúncia do caso como prática de intolerância religiosa, o motorista foi banido pela Uber 

Por Karla Souza

Uma denúncia de racismo religioso veio à tona em João Pessoa (PB), quando a Ialorixá Lúcia Oliveira, líder de um terreiro de candomblé na cidade, foi vítima de discriminação por parte de um motorista de aplicativo. O crime ocorreu no último dia 25, quando Lúcia solicitou uma corrida através do aplicativo da Uber, indicando o terreiro como ponto de partida. No entanto, ao receber a solicitação, o motorista enviou uma mensagem contendo expressões discriminatórias, recusando-se a efetuar o serviço e cancelando a viagem em seguida.

Em declaração ao G1, Ialorixá expressou sua indignação com o ocorrido: “Quando vi a mensagem, tive um aumento de pressão. Depois que outro motorista aceitou a corrida, cheguei na consulta médica passando mal. A gente se sente muito menosprezada enquanto ser humano, entendeu? Eu gostaria que nenhum pai e mãe de santo passasse pelo que eu passei.”

A vítima registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Homofóbicos, Étnicos-raciais e Delitos de Intolerância Religiosa de João Pessoa, denunciando o caso e buscando medidas legais contra a discriminação religiosa sofrida.

O caso não é isolado. Lúcia relatou que casos semelhantes têm ocorrido com frequência, com motoristas cancelando corridas ao saberem que o destino é um terreiro de Candomblé. Esse comportamento discriminatório reflete uma realidade de preconceito e racismo que muitos praticantes de religiões de matriz africana enfrentam diariamente.

Em nota divulgada pela assessoria de imprensa ontem (01), a Uber declarou ter compromisso com o respeito, igualdade e inclusão para todos os usuários do aplicativo, buscando oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis a todos. 

Lúcia Oliveira destacou a importância de se falar sobre essas questões e de se tomar medidas para combater a discriminação religiosa: “Desde que me entendo por gente, que acontece isso comigo, só que a gente não pode mais calar perante tanta injustiça, tanta coisa que o pai e mãe de santo têm passado por conta desse tipo de pessoa.”


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