Movimento LGBT de Pernambuco cancela debate com candidatos ao governo devido à não confirmação de presença

Em 2020, a entidade realizou debates com os candidatos à prefeitura do Recife de forma virtual

Em 2020, a entidade realizou debates com os candidatos à prefeitura do Recife de forma virtual

Por Andressa Franco
Imagem: Filipe Costa

O Movimento LGBT Leões do Norte cancelou o debate presencial, programado para a noite da próxima sexta-feira (16), no Clube Metrópole, entre as candidaturas ao governo de Pernambuco com assuntos que pautam as demandas da população LGBT. O motivo foi o não recebimento de confirmação das candidatas e candidatos, que, segundo as suas assessorias, estarão em agendas no interior do estado neste dia.

Como forma de suprir a “necessidade de afirmação objetiva do compromisso dessas/es com a pauta LGBTQIA+ e seus direitos perante a sociedade”, o grupo vai estender a alternativa dos candidatos enviarem um vídeo sobre suas propostas no campo dos direitos e cidadania LGBTQIA+ em Pernambuco. Em 2020, a entidade realizou debates com os candidatos à prefeitura do Recife de forma virtual. Mas sem a presença de candidatos como o eleito, João Campos (PSB), e Mendonça Filho, na época do DEM. A segunda colocada, Marília Arraes, na época pelo PT, confirmou presença.

No período, a ONG também realizou oficinas com candidatos LGBTs do estado, com instruções para criação de Projetos de Lei, conhecimento da legislação eleitoral e formas de prestação de contas das campanhas.

A ideia do debate, de acordo com Wellington Medeiros, coordenador da organização, a ideia era ouvir propostas concretas. “Foi assim que construímos mecanismos e instrumentos para o nosso segmento em outros momentos políticos no Recife, com debates que amarram o candidato para que no futuro esses mesmos possam ser cobrados.” Por isso, desde 2004 o movimento provoca as candidaturas ao Executivo Municipal do Recife e ao Governo do Estado de Pernambuco.

Saiba quem foram os convidados para o debate em 2022

Foram convidados Anderson Ferreira (PL), Danilo Cabral (PSB), João Arnaldo (PSOL), Marília Arraes (Solidariedade), Miguel Coelho (União Brasil) e Raquel Lyra (PSDB). Nas redes sociais da ONG, o candidato do PSOL se manifestou para justificar a ausência, afirmando que na mesma data já havia uma visita ao Sertão na agenda, sugerindo uma mudança de data para que pudessem participar.

“Compreendemos a importância fundamental de debater políticas públicas com o movimento LGBT, o combate à discriminação, violência, criminalização e falta de oportunidades para a comunidade são pautas urgentes.”, escreveu João Arnaldo.

Também se manifestou o candidato do PCB, Jones Manoel, que não foi convidado, para solicitar a inclusão da sua candidatura. “Nossa candidatura é a que mais coloca para debate a luta da população LGBT. É indispensável ter um debate realmente democrático com todas as candidaturas e em especial as que tem compromisso com a luta contra toda forma de opressão e exploração.”

A data do evento foi escolhida por ser a sexta-feira que antecede a Parada da Diversidade, que acontece no domingo (19), com o tema “Nosso corpo é político e nosso voto é por direitos LGBT”.

Violência contra a população LGBT no estado

Em 2020, Pernambuco registrou o maior número de crimes violentos contra população LGBTQIA+ do Brasil, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram 604 ocorrências de lesão corporal dolosa, 78,7% a mais que no ano anterior.

No ano passado, foi lançado o aplicativo Rugido, um canal de denúncias de casos de LGBTfobia. A plataforma é fruto da parceria do Fundo Brasil de Direitos Humanos com a Escola de Formação Quilombo dos Palmares, e coordenada pelo movimento e pela Rede LGBT do Interior de Pernambuco.

A partir de janeiro deste ano, o estado passou a contar com estatísticas específicas de violência contra as pessoas negras e população LGBTQIA+. A lei, de autoria do deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB), determina que as planilhas devem conter informações detalhadas sobre homicídios e racismo, além da estratificação de dados de ocorrências contra a população LGBTQIA+.

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