O que se sabe sobre o caso de Victor Cerqueira, guia turístico morto pela polícia em Caraíva (BA)

Família pede por justiça e acusa Estado de violência racial

Por Luana Miranda

Victor Cerqueira Santos Santana, jovem negro de 28 anos, foi morto durante uma ação policial, no último sábado (10), em Caraíva, distrito de Porto Seguro (BA). 

Em nota divulgada no domingo (11), a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) afirma que equipes das Polícias Federal, Civil e Militar cumpriam mandado de prisão contra Alongado – homem suspeito de integrar uma facção criminosa na região. De acordo com a nota, durante a operação, houve resistência à prisão e, além de Alongado, “outro homem apontado como ‘segurança’ do traficante, também terminou atingido e não resistiu aos ferimentos”.

O homem citado em questão é Victor Cerqueira. O jovem trabalhava como guia turístico de uma pousada na localidade, e era conhecido como Vitinho. No depoimento prestado ao Jornal CNN Brasil, a família afirma que Victor foi “confundido” com o segurança, que tinha o mesmo apelido que ele. Moradores de Caraíva, amigos e familiares do guia, se uniram em manifestação nesta segunda-feira (12), pedindo justiça pelo assassinato do jovem.

Durante entrevista gravada para o perfil do Instagram do Giro de Notícias Itabela, Luzia Cerqueira – mãe de Vitinho – contou que o guia saiu de Caraíva algemado pela polícia por volta das 18h de sábado (10), e retornou morto para a delegacia às 3 horas da manhã do dia seguinte. “Uma coisa é você crer que nós temos os nossos dias contados no livro da vida, outra coisa é você saber que seu filho morreu por descriminação racial”, declarou.

Segundo informações divulgadas pelo portal de notícias G1, o atestado de óbito de Vitinho apresenta como causa da morte “politraumatismo torácico, choque hemorrágico e projétil de arma de fogo”.

A possível “confusão” que acomete a polícia tem um foco específico: jovens negros. Dados de 2024 – disponibilizados pela quinta edição do boletim Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão, lançado pela Rede de Observatórios da Segurança – reforçam que o assassinato de Victor Cerqueira é um exemplo da alta letalidade policial enfrentada pelo estado. O relatório aponta que em 2023 as forças de segurança da Bahia foram responsáveis por 1702 homicídios, dos quais 94,6% foram cometidos contra pessoas negras. O estado é responsável por 47,5% das mortes de pessoas negras em ações policiais de todo o país.  

Imagem: Fernando Brazão/Agência Brasil

Dias antes de ser assassinado, na quarta-feira (07), Vitinho procurou a delegacia de Trancoso e registrou um boletim de ocorrência após ter sofrido crime de racismo.

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