A iniciativa Opará Saberes prorrogou suas inscrições para o edital de apoio ao ingresso de mulheres negras na pós-graduação pública
Texto e Imagem: Divulgação
As inscrições da iniciativa Opará Saberes foram prorrogadas para o dia 02 de setembro de 2022. O projeto Opará Saberes oferece ciclos de formação e mentoria para quem deseja ingressar nos cursos de mestrado e doutorado das universidades públicas. Além de, acompanhamento psicológico e desenvolvimento de práticas para o aperfeiçoamento da fala pública.
As inscrições são realizadas através do preenchimento da ficha de inscrição de anexo do edital simplificado 01/2022 da iniciativa Opará Saberes, juntamente com carta de motivações indicando a preferência do eixo temático e esboço do projeto. A ficha preenchida e carta de motivações devem ser enviadas para o e-mail candidaturasopara2022@gmail.com.
É possível se inscrever nas duas modalidades (curso e mentoria), apenas assinalando as opões de escolha no ato da inscrição. O ciclo formativo acontecerá entre os dias 19 de setembro a 20 de novembro de 2022.
A formação do Opará nesta edição será organizada em 5 (cinco) eixos temáticos: Masculinidade, Violências de Gênero e Interseccionalidade; Gênero, Poder e Ciências; Sistemas de Justiça e Prisionizacão; Saúde da Mulher e Saúde da População Negra; e Colonialidade, Literatura e Epistemicídio. Só é possível a participação em um único eixo temático e a carga horária dessa modalidade será de 36 horas-aula no formato híbrido (presencial/virtual), acolhendo pessoas negras de todo o Brasil.
Já a mentoria contará com um time de intelectuais negres que orientarão as candidatas na escrita do projeto e demais etapas da seleção. Serão 40 horas de tutoria. Além disso, as participantes da iniciativa terão acompanhamento psicológico e dicas de como apresentar seu projeto para uma banca de seleção.
Edições anteriores e internacionalização do projeto
Depois das edições de 2016 e 2017, realizadas graças à parceria de intelectuais negras, o Opará Sabres retorna, em 2022, com internacionalização da iniciativa e participação de professores e professoras de diversas universidades brasileiras.
A primeira edição de Opará Saberes aconteceu em 2016, pautando descolonização do conhecimento com a pensadora angolana Florita Telo e participação das intelectuais negras Zelinda Barros, Viecha Vinhático, Laura Augusta, Ana Claudia Pacheco, Denise Ribeiro, Ana Luiza Flauzina, Claudia Pons, Salete Maria, Denise Carrascosa, Livia Natália, Elisabete Pinto e Emanuelle Goes. Em 2017, em sua segunda edição, Opará contou a filósofa Djamila Ribeiro, o professor Lourenço Cardoso, Ângela Figueiredo, Cristiano Rodrigues, Raquel Luciana Souza e outras/os. Ambas edições aconteceram em Salvador-BA.
Agora, pela primeira vez, Opará Saberes amplia a territorialidade e, através do formato híbrido, realizará seus encontros e uma master class com convidadas internacionais. Essa expansão mira no fortalecimento da luta antirracista em escala global, acompanhada do reconhecimento e partilha de saberes dos povos negros nas diásporas como projeto político pedagógico.
Como reforça a idealizadora da iniciativa, Carla Akotirene, “O objetivo do Opará Saberes é enfrentar o epistemicídio dos pensamentos negros e garantir o ingresso e permanência de pessoas negras neste espaço de circulação de conhecimentos e de tomada de decisões políticas que são as universidades públicas e seus programas pós-graduação.”
Romper com o eurocentrismo da academia
Carla Akotirene explica que uma das motivações do Opará Saberes é a valorização e instrumentalização dos saberes trazidos por pessoas negras, com epistemologias feministas, afrocêntricas, originárias e decoloniais, contribuições desprezadas pelas universidades.
“A Academia moderna é um projeto colonial, patriarcal, eurocêntrico, narcisístico e eliminatório. A universidade é responsável pela colonialidade do saber decidindo se conquistamos ou não credenciais”, afirma Carla Akotirene.
O nome do projeto é uma homenagem à deusa Opará, que na religiosidade afro-brasileira é uma das qualidades guerreiras da orixá Oxum, que reina nos rios e cachoeiras, e na filosofia ancestral africana, traduz a força do ímpeto e da sabedoria das mulheres.