Organizações lançam campanha de incentivo à participação das mulheres nas eleições 2022

O Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) e a Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH) lançam nesta terça-feira (9) a campanha “Meu voto vale muito”, em conjunto com outras 19 redes e organizações de mulheres, como a Articulação de Mulheres Brasileiras, Rede de Mulheres Negras do Nordeste

“Meu voto vale muito” é a nova aposta do CFEMEA e mais 20 organizações para disputar os votos das mulheres em favor de candidaturas que defendam a democracia nas eleições de 2022

Por Andressa Franco

Imagem: Agência Brasil

O Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) e a Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH) lançam nesta terça-feira (9) a campanha “Meu voto vale muito”, em conjunto com outras 19 redes e organizações de mulheres, como a Articulação de Mulheres Brasileiras, Rede de Mulheres Negras do Nordeste, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Instituto de Mulheres da Amazônia e Liga Brasileira de Lésbicas. O objetivo é incentivar o voto das mulheres em candidaturas progressistas, sobretudo de mulheres.

A campanha soma esforços em fortalecer que mais mulheres votem em campanhas progressistas e mais mulheres sejam eleitas, sobretudo mulheres negras e indígenas, no pleito de 2022. Neste ano, as mulheres representarão 53% do eleitorado brasileiro. Num universo de 150 milhões de eleitores, elas somam 8,5 milhões de eleitoras a mais do que os homens.

Pesquisa

O Centro realizou uma pesquisa com mulheres de 18 a 25 anos, liderada pelo Instituto Locomotiva, para entender os principais desafios das mulheres brasileiras hoje. Apesar das diferenças de perfil das mulheres que participaram da pesquisa, todas apresentaram uma preocupação em comum: as dificuldades financeiras e a queda da qualidade de vida. No contexto “Pós-Pandemia”, mesmo as mulheres que não foram impactadas diretamente pelo desemprego sofreram com consequências como queda de clientela (no caso das autônomas) e diminuição da renda. São mulheres cuja renda é significativa no orçamento doméstico, quando não representa sua totalidade.

“É um problema mais profundo do que a sub-representação”

Priscilla Brito é cientista política e foi convidada pelo CFMEA para integrar o grupo de trabalho que concebeu a campanha. Para ela, as mulheres não se veem representadas nem pelos discursos parlamentarem nem pelas políticas públicas implementadas pelos governos.

“É um problema mais profundo do que a sub-representação feminina nos espaços de poder. Elas querem ser ouvidas e ter suas necessidades mais cotidianas atendidas, como a ampliação do número de creches, postos de saúde e transporte público de qualidade”, analisa.

A ideia da campanha “Meu voto vale muito” é abrir um canal de diálogo direto com as mulheres desacreditadas da política. Assim, o CFEMEA usará como estratégia a relação direta entre o voto e a possibilidade de transformação social na vida das mulheres. Outra estratégia também é envolver mulheres jovens como replicantes da ideia de que é preciso mudar a realidade política atua.

A organização acredita que, ainda que as mulheres nem sempre relacionem aquilo que querem da política com o feminismo ou com um posicionamento de esquerda, elas querem se ver representadas nos espaços de poder e estão atentas a quais candidaturas vão dialogar com as suas demandas cotidianas.

A campanha também é pautada pela diversidade, com incentivo ao voto em candidatas pretas, pardas, indígenas, quilombolas, da comunidade LGBTQIAP+ e PCD. Quem acompanhar as redes sociais do CFEMEA vai conhecer “Esperança”, a persona da campanha e representante das muitas diversidades presentes na sociedade.

Como resultado, se espera que nestas eleições, as mulheres possam ultrapassar o histórico de sub-representatividade e falta de incentivos que impede que elas cheguem em lugares de liderança na política brasileira. Além de conversar com as mulheres sobre o importante papel que exercem como eleitoras e os poderes que seus votos têm.

“A gente quer que a campanha seja um canal para falar do voto e da importância da representatividade com foco nos direitos e não somente nas candidaturas”, acrescenta Priscilla. “É muito importante que mais mulheres sejam eleitas, mas mais ainda quem as eleitas estejam comprometidas com a democracia e com os direitos de todas nós.”

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