Por Elizabeth Souza*
Uma pesquisa realizada em São Paulo constatou que, nas seis principais universidades públicas do estado, a presença de mulheres no topo da carreira acadêmica é muito menor em relação aos homens brancos. Mulheres indígenas, amarelas e negras são apenas 8,4% das docentes nas instituições analisadas.
Intitulada “Índex da igualdade de gênero nas universidades públicas do estado de São Paulo”, a pesquisa, divulgada em março, é fruto da parceria entre as universidades: de São Paulo (USP), estaduais de Campinas (Unicamp) e Paulista (Unesp), e as federais de São Paulo (Unifesp), de São Carlos (UFSCar) e do ABC (UFABC). As instituições são o objeto de estudo do relatório.
Apesar dos homens brancos serem a esmagadora maioria dos docentes nas seis universidades, quando a análise leva em conta a questão de raça e gênero é notório o distanciamento abissal entre mulheres brancas e não brancas. O primeiro grupo corresponde a 80,3% das docentes em atividade nas seis instituições públicas. Mulheres indígenas são apenas 0,1%, acompanhadas das mulheres pretas que representam ínfimos 1,1%. As amarelas e pardas são 3,3% e 3,9%, respectivamente. A soma desses quatro últimos grupos não alcança, sequer, 10% de representatividade nessas instituições.
Também em comparação aos homens brancos, os homens indígenas, negros e amarelos são minorias que escancaram os privilégios das desigualdades históricas do Brasil. Enquanto os brancos são 78,6% dos professores, os indígenas são 0,1%; pretos, 1,2%; amarelos, 3,3%; e pardos 4,4%.
Análises gerais
No aspecto mais amplo, a universidade com menor representação feminina é a UFABC, onde elas correspondem a 32,7% dos docentes, e os homens são 67,3%. A Unicamp também tem um cenário bastante desigual, com 37,3% professoras, e 62,7% professores; em seguida aparece a USP, onde elas são 37,6% das docentes, e eles 62,4%; na Unesp, as professoras correspondem a 41,5% do corpo docente, enquanto os homens são 58,5%; na UFSCar elas são 45,5%, e eles 54,5%.
A única universidade onde as mulheres são maioria é na Unifesp, onde elas são 51,1% das professoras, e os homens 48,9%. De acordo com a pesquisa, isso acontece por a Unifesp ser referência na área da saúde, cursos que são majoritariamente ocupados por mulheres no país, como apontou, por exemplo, o levantamento “Demografia Médica no Brasil 2025”, que constatou que pela primeira vez as mulheres são maioria entre os médicos no país.
O relatório ainda mostrou que as mulheres representam 44,8% do corpo docente com título de doutorado nas seis instituições analisadas, o que corresponde ao estágio inicial da carreira acadêmica. No entanto, essa proporção diminui progressivamente: cai para 40,6% entre os professores associados e atinge apenas 29,4% no cargo mais alto, o de professor titular.
*Com informações da Revista Pesquisa Fapesp