Pesquisadora cria ‘Nheengatu App’, o 1º aplicativo para o ensino e aprendizagem de língua indígena no Brasil

A ferramenta já ultrapassou os 2,2 mil usuários

Por Karla Souza

Tikuna, Guarani Kaiowá, Kaingang, Xavante, Yanomami e Guajajara são algumas das 274 línguas indígenas faladas em todo o território brasileiro, de acordo com os dados levantados pelo Censo de 2010. Em meio aos esforços para preservar e revitalizar essas línguas, iniciativas como o Nheengatu app emergem como catalisadores para garantia da continuidade desses idiomas. 

Aplicativo desenvolvido por Suellen Tobler, pesquisadora e desenvolvedora de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), e impulsionado pela lei de incentivo cultural Aldir Blanc, a ferramenta que ensina o Nheengatu – uma língua indígena originária do tronco linguístico tupi, com influências do português, que já foi conhecida como língua geral amazônica – se destaca por ser inclusiva e acessível, projetada para ser utilizada em qualquer navegador e em diversos dispositivos. 

Através dele, os usuários mergulham em uma experiência de aprendizado imersiva, com uma variedade de exercícios que incluem imagens e áudios, facilitando a assimilação do idioma. Os áudios, gravados por George Borari, professor de Nheengatu da Escola Indígena Borari de Alter do Chão, no Baixo Tapajós, agregam autenticidade e proximidade cultural.

Além de seu papel como ferramenta educacional, o app também desempenha um importante papel na valorização da cultura e das tradições dos povos indígenas. Sua participação na 6ª edição da Campus Party Brasília, evento de tecnologia e inovação que ocorreu no último dia 31, ressalta o potencial da tecnologia para apoiar iniciativas antirracistas.

A ferramenta já ultrapassou os 2,2 mil usuários
A pesquisadora Suellen Tobler, à direita, e a professora Dailza Araújo, à esquerda — Imagem: Arquivo pessoal

Suellen relatou ao G1 que o lançamento do Nheengatu app despertou o interesse de diversas comunidades indígenas em criar aplicativos similares para suas próprias línguas. Ela também observa que a ferramenta já ultrapassou os 2,2 mil usuários, mas em algumas escolas indígenas, o acesso aos dispositivos móveis é limitado, resultando em um uso coletivo da ferramenta. “Em sala de aula, em algumas escolas indígenas, o app é usado através do projetor. Também não são todas as pessoas que possuem dispositivos móveis, então elas costumam compartilhar os aparelhos”.

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