As falas de Isidório aconteceram no dia 19 de setembro, durante a discussão de um projeto de lei que visa proibir o casamento homoafetivo
Da Redação
A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu uma investigação ao deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante-BA), pelo crime de violência política de gênero, por falas transfóbicas, contra a deputada Erika Hilton (PSOL-SP). O caso aconteceu no dia 19 de setembro, durante a discussão de um projeto de lei que visa proibir o casamento homoafetivo, numa reunião da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara. O despacho foi assinado pela vice-procuradora-geral, Ana Borges Coêlho Santos, na 2ª Câmara Criminal da PGR.
No dia da reunião, o deputado fundementalista se referiu a Erika, que é uma mulher trans, repetidas vezes como “meu amigo”, além de proferir o discurso com teor transfóbico.
“Todo mundo sabe da minha fala clássica de que é uma fala inclusive universal, é homem nasce como homem, com binga, portanto, com pinto, com pênis, mulher nasce mulher nasce com sua cocota, sua tcheca, portanto sua vagina”, declarou em um dos trechos o parlamentar.
Em resposta, Hilton afirmou que a discriminação na fala do deputado é nítida e direta e com intenção de de humilhar e constranger a população transexual do país.
“Causando prejuízo no exercício adequado do direito fundamental à cidadania e risco aumentado de violência, por discursos como este. Nesse caso, é precisamente a condição transexual que motiva o discurso do Representado, de forma consciente e proposital”, declarou a deputada, que acionou ao Ministério Público Federal (MPF) pedindo a responsabilização criminal de Isidório por violência política de gênero.
Histórico de atos transfóbicos e de violação aos direitos humanos
Em junho de 2022, o deputado Pastor Sargento Isidório, que é pré-candidato à prefeitura de Salvador, teve a sua fundação denunciada em uma reportagem do Fantástico por castigos físicos, repressão sexual e doutrinação religiosa. O pastor e proprietário da Fundação Doutor Jesus, localizada na cidade de Candeias, foi flagrado pela reportagem afirmando que pessoas transgênero são diabólicas: “Você deixou o Diabo lhe enganar. Você deixou o médico cortar seu pé de sofá. Ela só pensa que tem bilau. O Diabo diz ao homem que ele pode ser mulher, aí ele se veste todo, bota silicone”, disse o deputado, em uma reunião da fundação.