Povo de santo manifesta apoio para Thiffany Odara ao cargo de Ouvidora da Defensoria Pública do Estado da Bahia

Você conhece ou já ouviu falar de Thiffany Odara? Pedagoga, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEDUC – UNEB), especialista em Gênero, Raça e Sexualidade, yalorixá Terreiro Oya Matamba, em Lauro de Freitas (BA)

Thiffany Odara é pedagoga, ativista e yalorixá, além de ser a primeira mulher trans a lançar oficialmente candidatura ao cargo

Por Daiane Oliveira e Patrícia Rosa

Você conhece ou já ouviu falar de Thiffany Odara? Pedagoga, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEDUC – UNEB), especialista em Gênero, Raça e Sexualidade, yalorixá Terreiro Oya Matamba, em Lauro de Freitas (BA), Tiffany Odara ainda é atual vice-presidenta do Conselho de Mulheres de Lauro de Freitas e conselheira do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial (CMPIR) também na cidade, além de ser escritora e ativista. Thiffany Odara também foi a primeira mulher trans a oficializar candidatura ao cargo de Ouvidora da Defensoria Pública do Estado da Bahia.

Com o slogan “Por Justiça Social e Cidadania, Tiffany Odara na Ouvidoria”, a yalorixá tem recebido o apoio de diversos líderes religiosos e ativistas. Para a Yalorixá do Axé Abassá de Ogum, Jaciara Ribeiro, a candidatura é importante por todos os atributos que a pedagoga carrega. “Eu acho que momentos que o país passou de tanta violência e exclusão, é um momento de incluir Thiffany Odara. Como também outras representações que estão pleiteando”, diz Mãe Jaciara.

A yalorixá do Axé Abassá de Ogum, ainda lembra a necessidade da representatividade e da ocupação de corpos dissidentes nos espaços de poder. “Essa candidatura é de suma importância, são tempos diferentes onde podemos nos ver e ver outras representatividades. Eu acredito que é a gente demarcar território para uma nova construção, um país diferenciado”, diz Mãe Jaciara.

O balorixá do Ilê Axé Iba Ajunkesy, Gilson Xaoro, compartilha do mesmo pensamento e reforça a importância ter uma mulher negra, trans, pedagoga e ativista nesse espaço de poder. “Nós negros temos que ocupar esses espaços que nos pertencem que é de direito nosso e sempre foi negado”, diz Xaoro que ainda aponta para a necessidade de se pensar o respeito às diversidades.

“O que de fato é inclusão? É  incluir ou é fingir que eu estou incluído? A importância da representação dela neste espaço é de fato para nos representar mesmo, levantar essa bandeira  de Yalorixá, de negra, de pretas, de levantar a bandeira da diversidade”, diz.

Mãe Donana, Mãe do Quilombo Quingoma, líder espiritual e ativista ambiental é mais uma ativista que apoia a candidatura. “A minha candidata a ouvidoria do estado é Thiffany Odara. Uma Yá forte, de Oxum, combatendo toda a transfobia que ela está sofrendo. Avante Thiffany”, diz Mãe Donana.

Durante a candidatura Tiffany Odara é vítima de transfobia

No final de março, mais precisamente no dia 25, o Jornal A Tarde publicou uma matéria “Ialorixá e sociólogo disputam ouvidoria”, onde apenas dois dos quatro candidatos ao cargo da Ouvidoria da Defensoria Pública do Estado da Bahia (DP-BA) foram mencionados. Em uma matéria tendenciosa, na coluna “Tempo Presente”, assinada pela Redação e a jornalista Miriam Hermes, os nomes de Thiffany Odara, da Iayó Márcia de Ogum e da indígena Rutian Pataxó, foram ignorados juntamente com a candidatura do homem negro, ativista Roque Peixoto. Uma conduta que fortalece a invisibilização da candidatura inédita de uma mulher trans ao cargo.  

“Quando o corpo trans se projeta para ocupar determinados espaços e que existe uma limitação, uma barreira, isso é uma transfobia. Quando a gente deixa de acessar um espaço por ser negra, mulher e trans, são violências que tem nome”, desabafou Thiffany Odara.

Sobre a matéria com teor excludente, a candidata fala que na publicação houve um não ineditismo na apresentação dos candidatos e que foi uma abordagem sem os devidos cuidados. A Yalorixá aponta o conceito de “transfobia imaginária” para destacar o que houve na publicação do Jornal A Tarde.

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