Prefeito de Salvador nomeia deputado cassado e que apoiou a campanha de ACM Neto a cargo com salário de R$ 23 mil

Em 2020 o então deputado federal Marcell Moraes foi cassado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que reformou decisão do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), pela acusação de abuso de poder econômico nas eleições de 2018

Em redes sociais o ex-deputado Marcell Moraes publicou vídeos ao lado do atual prefeito de Salvador, Bruno Reis e do candidato derrotado ao governo da Bahia, ACM Neto

Por Daiane Oliveira

Imagem: Reprodução Redes Sociais

Em 2020 o então deputado federal Marcell Moraes foi cassado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que reformou decisão do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), pela acusação de abuso de poder econômico nas eleições de 2018. Com decisão de inelegibilidade pelo prazo de oito anos, contados a partir das Eleições de 2018, Marcell Moraes foi nomeado para um cargo de confiança na Prefeitura Municipal de Salvador.

No Diário Oficial do Município, publicado no primeiro dia de novembro, Marcell Moraes consta como nomeado ao cargo de Assessor Especial IV, Grau 58, com atuação na Secretaria de Governo. De acordo com o Portal da Transparência do Município, a remuneração bruta para o cargo pode chegar a R$ 23.853,33.

Ativo nas redes sociais, Marcell Moraes possui vídeos ao lado de ACM Neto (União Brasil), candidato ao governo da Bahia, durante a campanha eleitoral de 2022. Na gravação ACM Neto chama-o de amigo querido e reforça a relação de ambos chamando o trabalho conjunto de “revolução na política de proteção, defesa e cuidados aos animais na cidade de Salvador”.

Em outras gravações, Marcell Moraes aparece ao lado de Bruno Reis (União Brasil), atual prefeito da capital baiana, em sua casa e no gabinete, onde também mostra uma relação pessoal e íntima com o gestor, chamando-o de amigo.

Na época da cassação, o ministro Sérgio Banhos, ao relatar o caso, apontou que haviam provas de que Marcell Moraes usou as campanhas de vacinação e castração de animais gratuitas, ou com valores inferiores aos praticados no mercado,  como forma de conquistar benefícios eleitorais. Segundo o TSE, o crime de abuso do poder econômico acontece quando há uso de recursos financeiros ou patrimoniais buscando beneficiar candidato, partido ou coligação, afetando, assim, a normalidade e a legitimidade das eleições. O que popularmente é conhecido como compra de votos.

Em live com o jornalista Leo Dias, em 2021, o deputado cassado disse que não pretendia voltar para a política, mas a decisão não se manteve por muito tempo já que Marcell Moraes foi um apoiador ativo na campanha de ACM Neto para o governo da Bahia durante a eleição de 2022. E em seguida, ainda inelegível por mais 4 anos pela Lei da Ficha Limpa, Marcell passa a ser funcionário do município de Salvador com alto salário em cargo de confiança.

Marcell Moraes é um político com histórico de agressões a mulheres negras e idosos

Marcell Moraes agrediu fisicamente o idoso, Júlio Ferreira dos Santos, acusado de maus tratos para com animais. O homem, que vivia em situação de rua, levou chutes e tapas do político que ainda postou em suas redes sociais a cena sem constrangimento do crime que também cometeu.

No vídeo é possível ouvir Moraes dizer: “Eu quero que o povo veja eu lhe batendo. Se é para bater em animal, é para bater em você também. Eu queria fazer justiça com minhas próprias mãos. Pena que eu não posso.”.

Em 2020, o então deputado estadual Marcell Moraes (PSDB), após discussão com a jornalista Silvana Oliveira, na Rádio Sociedade da Bahia, declarou que a mulher negra usa o argumento identitário de gênero e raça quando não “consegue se defender”.

“Esse mimimi. Quando é mulher negra e não consegue se defender no debate, não consegue se defender porque [não] tem razão, alega que é mulher negra. Esse movimento negro…Isso é oportunismo porque sabe que ela está errada”, afirmou Marcell Moraes em entrevista para o Brasil Urgente na Band Bahia.

No ano de 2019, Marcell Moraes foi acusado pelo primo, Lucas Carvalho, de agressão e suposta tentativa de homicídio. O primo do então deputado estadual que já estava no processo de cassação, era assessor parlamentar. Durante a denúncia, Lucas disse que o crime teria ocorrido por conta da suspeita de que o primo estaria se relacionando com uma pessoa com quem Marcell teria uma relação extraconjugal.

Em 2017, no cargo de deputado estadual pelo Partido Verde (PV), Marcell Moraes foi acusado de agressão contra uma servidora da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur).  A agressão teria acontecido durante uma fiscalização que identificou irregularidades na distribuição de faixa comemorativa e plotagem de um minitrio do PV, que não foram licenciados pelo órgão. A servidora prestou queixa, mas o deputado negou a agressão.

No ano de 2013, quando cumpria o mandado ao cargo de vereador de Salvador, Moraes tentou impedir rituais das religiões de matrizes africanas, alegando maus tratos para com os animais utilizados nos ritos sagrados. Na época, o político foi acusado de racismo religioso.

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