Professor negro vítima de abordagem violenta da Polícia em Ipiaú (BA) registra queixa no MP da Bahia

O homem curtia uma festa de São Pedro em um camarote de Ipiaú quando foi abordado pela polícia

O homem curtia uma festa de São Pedro em um camarote de Ipiaú quando foi abordado pela polícia

Da Redação

Imagem: Reprodução TV/BA

O professor negro Wiliam Silva, de 32 anos, registrou nesta terça-feira (04) denuncia de racismo e abuso de poder pela polícia militar no  Ministério Público da Bahia (MP-BA), em Salvador. Ele sofreu uma abordagem  policial e foi acusado do roubo de um celular no último dia 29 de junho durante a festa de São Pedro, em Ipiaú (BA).

De acordo com o professor universitário, ele curtia a festa em um camarote, quando foi ajudar uma mulher que teria sido empurrada por um homem embriagado.William relatou que, após essa situação ele foi abordado pela polícia militar com a acusação de roubo de celulares:

“A polícia militar chegou no camarote, de forma abrupta, agressiva, me empurrando, me puxando pro canto e começou a me perguntar ‘cadê os celulares?’. Eu disse a ele que não tinha celular,  e ele falou que uma pessoa negra da blusa laranja tinha furtado os celulares”, afirmou William a reportagem da TV Bahia

Ele ainda relatou que não estava alí como suspeito, mas foi apontado como principal culpado do furto.Willian foi algemado e levado para o posto policial do local da festa para prestar esclarecimentos e em seguida foi liberado. O professor declarou que ainda está abalado com toda a situação e que vai buscar apoio psicológico para passar pelo trauma.

A Polícia Militar se manifestou por nota enviada para o Portal G1, declarando que não foi instaurado inquérito contra o professor e que o caso foi registrado como atípico, já que não havia indício de crime cometido por ele. Ainda foi declarado que a vítima da abordagem teria agredido um dos militares com chutes durante a condução até o posto policial. Nas suas redes sociais William desabafou:

“Essa foi uma ação sem provas, arbitrária. Na abordagem comecei falar que eu não era bandido, e não era ladrão, informei que eu era professor. Hoje os livros que eu estudei sobre preconceito estrutural fazem todo o sentido. Só estou divulgando aqui porque eu preciso dar voz às pessoas pretas que passam todos os dias pelo julgamento e pelo preconceito estrutural. Vou procurar a justiça e procurar todos os meus direitos porque eu nunca passei tanta vergonha. Pela minha mãe e familiares”, finalizou o professor.

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