Projeto “Respeite meu terreiro” realiza primeiro mapeamento sobre racismo religioso no Brasil

Pela primeira vez, o Brasil terá um mapeamento sobre racismo religioso com base no levantamento de casos de violência contra comunidades tradicionais das religiões de matriz africana e do perfil das tradições de terreiros de todo território nacional.

O levantamento será realizado a partir do levantamento de casos de violência contra comunidades tradicionais das religiões de matriz africana e do perfil das tradições de terreiros de todo território nacional

Da Redação

Imagem: Divulgação

Pela primeira vez, o Brasil terá um mapeamento sobre racismo religioso com base no levantamento de casos de violência contra comunidades tradicionais das religiões de matriz africana e do perfil das tradições de terreiros de todo território nacional.

O projeto, intitulado “Respeite meu terreiro”, foi idealizado pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro) e pelo terreiro Ilê Omolu Oxum. O projeto tem como objetivo revelar casos de racismo religioso que não aparecem nas estatísticas oficiais.

A iniciativa, que conta com o apoio da organização internacional Race & Equality (Raça & Igualdade), visa construir também um panorama sobre os terreiros presentes no país, suas tradições e relações com a comunidade.

Em entrevista ao portal Alma Preta, a coordenadora da Renafro e Iyá egbé do terreiro Ilê Omolú Oxum ressalta a importância do projeto, explicando que os dados oficiais a respeito do racismo religioso no Brasil se restringem às informações que foram registradas junto às delegacias.

“Estas informações estão severamente subestimadas e não contemplam atos rotineiros que sofremos no comércio, universidades, ambiente de trabalho e na vizinhança, e que em sua grande maioria, não chegam a gerar uma ocorrência policial”, completa.

Já o coordenador nacional da Renafro e babalorixá, Baba Diba de Iyemonja, destaca que a iniciativa vai criar dados, dando suporte aos terreiros, para que esses possam se instituir “já que uma das coisas que o judiciário utiliza para fechar as portas dos terreiros é o alvará de funcionamento. Se o terreiro não é instituído, isso já se torna um motivo”.

Em parceria com o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), o projeto também prevê capacitação para líderes religiosos e profissionais da área jurídica sobre direitos dos povos de terreiro. Além de fornecer um espaço de comunicação para terreiros oficializarem documentos, por meio de uma consultoria jurídica gratuita oferecida pela organização internacional Raça e Igualdade.

Coleta

A pesquisa vai coletar dados dos terreiros participantes através de um formulário disponível nas redes sociais da Renafro e Ilê Omolu Oxum até o dia 30 de maio. Também serão coletadas informações sobre casos de racismo religioso, grupos responsáveis por ataques aos terreiros, direitos dos povos de terreiro, entre outros.

A previsão é que os dados coletados e os resultados sejam divulgados no segundo semestre deste ano. Estes serão fornecidos ao Ministério Público Federal, Comissão de Direitos Humanos (Senado Federal), Comissão de Direitos Humanos e Minorias (Câmara dos Deputados), Comissão Nacional de Direitos Humanos (OAB), Conselho de Direitos Humanos (ONU), Comissão Interamericana de Direitos Humanos (ONU) e Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA).

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