Agentes de segurança interditaram o banheiro e escoltaram escoltaram as usuárias para fora do estabelecimento
Por Patrícia Rosa
Imagem: Divulgação
A 73ª delegacia no município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, investiga uma situação de transfobia sofrida por Amon Kiyá, de 20 anos, e a Luiz Ricardo, de 19 anos, que estavam usando o banheiro feminino dentro do Shopping São Gonçalo . Elas estavam junto com uma amiga, a mulher cis Layssa Stelle, que entraram no banheiro do estabelecimento, depois de um dia de trabalho, quando uma segurança do estabelecimento interditou o local e impediu que elas ficassem no local, afirmando que não podiam estar alí.
A ação do Centro de compras foi gravada pelas vítimas e circula nas redes sociais, a Luiz Ricardo, contou como foi a situação de constrangimento: “ A faxineira ficou nos encarando de canto e depois saiu e veio com segurança e disseram que era feminino e a gente não podia estar ali. A gente falou pra ela que ela estava falando com 3 mulheres e mais uma vez reforçaram que a gente tinha que sair e que ‘não existe banheiro específico para isso’” contou a vítima, que ainda abalada com a situação.
Na ocasião, a agente do estabelecimento chamou um segurança homem no banheiro feminino, para retirar as mulheres do local e pediram que elas utilizassem um terceiro toalete, acompanhado de frases transfóbicas, como “Vocês estão infringindo a lei da ciência” relataram as vítimas em postagens nas redes sociais.
A travesti e fotógrafa Amon Kaiya, fala do sentimento de pavor que vivem, após a ação violenta do shopping: “Estou com medo de andar na rua inclusive, por conta de toda repercussão e pelo risco que está de eu ser reconhecida e sofrer qualquer ataque.Está exaustivo e nenhuma de nós três estamos tranquilas. Até porque, toda hora chega informação nova, pessoas novas, e principalmente ataques novos” desabafa Amon.
O São Gonçalo shopping fez um pedido de desculpas, através das redes sociais e dizem rechaçar qualquer tipo de discriminação.
A abordagem do estabelecimento foi gravada e divulgada por Laryssa Stelle, ela fala da cisgeneridade, na luta contra a transfobia. “Apesar de ter sido retirada do banheiro junto com elas, o meu campo de visão é diferente, é de rede de apoio, de revolta, pois eu acho que não basta eu levantar militância e protesto no que é confortável pra mim. Toda vez que penso nisso, eu vejo que fiz o certo, pois foram duas mulheres com seus direitos violados e as pessoas que estavam lá não estavam pensando em momento algum no que poderia acontecer a elas, caso elas saíssem e fossem para outro tipo de banheiro que não fosse o delas” finalizou Laryissa.
Desde o ano de 2019 a transfobia é crime no Brasil, a LGBTfobia se enquadra na Lei 7.716/89, com pena prevista de 1 a 3 anos de prisão e multa. O País é o que mais mata pessoas trans e travestis, pelo 13º ano seguido,desde 2008, de acordo dados do Trans Murder Monitoring (Monitoramento de assassinato trans) .