O Projeto de Lei 6764/2002 revoga a Lei de Segurança Nacional e define os crimes contra o Estado Democrático de Direito no Código Penal
Por Andressa Franco e Alane Reis
Imagem: Globonews/Reprodução
Mais de 100 organizações da sociedade civil brasileira se reuniu na manhã desta terça-feira (20) em um ato público virtual contra a urgência do Projeto de Lei (PL) 6764/2002, que aguarda votação na Câmara dos Deputados e revoga a Lei de Segurança Nacional, redigida durante a Ditadura Militar (1968-1985), definindo os crimes contra o Estado Democrático de Direito no Código Penal.
As dezenas de falas realizadas no ato defendiam que esta é mais uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais; denunciaram a falta de diálogo com a sociedade civil organizada para alteração da lei; e que diante da crise sanitária e social que atualmente mata no Brasil mais de 4 mil pessoas vítimas da covid-19, é evidente que este regime de urgência esconde intenções antidemocráticas.
O PL 6764/02 tramitou na Câmara de 2002 a 2008, se mantendo estagnado até 24 de março deste ano, quando a relatora do projeto, a deputada federal Margarete Coelho (PP/PI), e o deputado Hugo Motta (Republicanos/PB) apresentaram um requerimento de urgência para análise da proposta, que entrou na pauta da Casa na última terça-feira (13).
Além do ato, a articulação de organizações já lançou dois documentos que organizam argumentos contra o PL: a carta aberta “Votação do PL 6764/2002: Não ao regime de urgência!”, lançada no dia 8 de abril; e o “Manifesto ato PL 6764/2002 – Não ao regime de urgência!”, lançado nesta terça-feira (20), durante o ato. Ambos os documentos exigem a não aprovação da votação do Projeto de Lei em regime de urgência, e solicitam reunião entre a sociedade civil e a relatora do PL, além de audiências públicas a fim de garantir o amplo debate com a sociedade.
“Um projeto que pode afetar diretamente as liberdades fundamentais e incide em criminalização de condutas e debates sobre a democracia em si, com impacto direto em toda a sociedade, demanda amplo e plural debate prévio e consulta com a sociedade civil, especialmente considerando que pode afetar de maneira intensa direitos civis e políticos, como a liberdade de expressão, liberdade de associação e direito de protesto”, diz um trecho da carta.
É também uma preocupação das entidades envolvidas, a garantia dos direitos de liberdade no atual momento de crescente violência política, ataques contra defensores e defensoras dos direitos humanos e da criminalização de movimentos sociais.
Os ativistas disseram ainda que o foco dos parlamentares no momento deveria estar voltado para o combate à pandemia, atendendo às necessidades básicas da população e fortalecendo a saúde pública para salvar vidas.
Algumas organizações que assinam os documentos
- Terra de Direitos
- ARTIGO 19
- Justiça Global
- Anistia Internacional Brasil
- Movimento Negro Unificado
- Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
- ABGLT 8. Coalizão Direitos na Rede
- Grupo Tortura Nunca Mais – RJ
- Rede Justiça Criminal
- Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos
- AATR-BA – Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia
- ABJD – Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
- ABL- Articulação Brasileira de Lésbicas
- ABRA – Associação Brasileira de Reforma Agrária
- ABRAI – Associação Brasileira de Intersexos
- Ação Educativa
- ADUFRJ – Sindicato dos professores da UFRJ
- Amigos da Terra Brasil
- ANDES-SN – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
- Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB)
- Articulação Justiça e Direitos Humanos – JusDH
- ArtJovem LGBT
- Associação Comunitária Monte Azul
- Associação Cultural José Martí – Baixada Santista
- Associação Grupo Cultural Modjumba Axe
- Associação Juízes para a Democracia – AJD
- Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos – ANADEP
- Associação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA
- Associação Pano de Roda
- Atelier Rosa Alves
- CAFELI – Grupo de Estudos Caixa de Ferramentas para a Liberdade
- Casa no Meio do Mundo
- Católicas pelo Direito de Decidir
- Central de Movimentos Populares CMP Brasil
- Central Nacional LGBT Brasil
- Centro de Educação e Assessoria Popular – CEFAP Campinas
- Centro de Referência em Direitos Humanos Marcos Dionísio
- Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
- Centro Popular de Direitos Humanos
- CFEMEA – Centro Feminista de Estudos e Assessoria
- Coalizão Direitos Valem Mais – pelo fim do Teto de Gastos e por uma nova economia
- Coletivo Favela no Poder
- Coletivo MARÉ 0800 45. Coletivo Mulheres Aflitas Maria da Penha
- Coletivo-Rj Memória, Verdade, Justiça e Reparação
- Comissão de Direitos Humanos da Associação Brasileira de Antropologia (CDH/ABA)
- Comissão Pastoral da Terra
- CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos
- Conectas Direitos Humanos
- Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil – CONTRAF BRASIL/CUT
- CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
- CRIOLA
- Direitos em Movimento – UFPR
- Diversas feministas – MS
- Educafro Rio
- Eu sou Eu A ferrugem
- FAOR – Fórum da Amazônia Oriental
- Fórum Cearense de Mulheres – AMB
- FORUM HIP HOP MSP
- Fórum Permanente pela Igualdade Racial (FOPIR)
- Frente Ampla pelos Direitos Humanos – FADDH
- Frente Estadual pelo Desencarceramento – RJ
- Fundação Grupo Esquel Brasil
- Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares – GAJOP
- Gestos (soropositividade, comunicação, gênero)
- Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos
- IDDD – Instituto de Defesa do Direito de Defesa
- INESC – Instituto de estudos socioeconômicos
- Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial-Baixada Fluminense-RJ
- Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase
- Instituto de Defensores de Direitos Humanos – DDH
- Instituto Nossa Ilhéus
- Instituto Prios de Políticas Públicas e Direitos Humanos
- Instituto Socioambiental – ISA
- Instituto Soma Brasil
- Instituto Terra Trabalho e Cidadania – ITTC
- Instituto Vladimir Herzog
- JRO Desenvolvimento
- Kurytiba Metropole
- Laboratório de Direitos Humanos da UFRJ
- Levante Popular da Juventude
- Liga Brasileira de Lésbicas
- Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro
- MNDH – Movimento Nacional de Direitos Humanos
- MNU – Movimento Negro Unificado RJ
- MNU – Movimento Negro Unificado SP
- Movimenta Caxias
- Movimento Arco Íris da Serra de Gravatá Pernambuco
- Movimento Camponês Popular
- Movimento de Mulheres Camponesas
- Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
- Movimento dos Pequenos Agricultores
- Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM
- MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
- MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
- Nádia Rebouças Consultoria
- Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular Luisa Mahin – FND/UFRJ
- Núcleo de Preservação da Memória Política
- Odara – Instituto da Mulher Negra
- Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil
- Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político
- Plataforma MROSC
- Pretas do Alo Tietê
- Projeto Colméia
- Projeto Mulheres Nós na Luta
- Rádio Radiola Livre
- Rede AFRO LGBT
- Rede de Mães e Familiares Vítimas de Violência da Baixada Fluminense
- Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio
- Rede Democracia e Participação
- Rede Jubileu Sul
- Rede Nacional de Negras e Negros
- Rede Nacional de Promoção e Controle Social a Saúde, Cultura e Direitos de LesBIcas Negras / Rede Sapatà
- Rede Nacional dos Advogados e Advogadas Populares – RENAP
- Redes da Maré
- SAPÊ
- SASP – Sindicato das Advogadas e Advogados de São Paulo
- Socedade Santos Mártires
- Themis Gênero Justiça e Direitos Humanos
- Tortura Nunca Mais
- Uneafro Brasil
- Unegro – Caxias
- Unegro – DV
- Urbanicidade