Movimentos sociais realizam Ato por Acesso à Justiça pela Vida das Mulheres Negras no Centro Administrativo da Bahia

Ato é parte da programação da Jornada pela Vida das Mulheres Negras do Nordeste, alusiva aos 21 Dias contra A Violência contra as Mulheres

Texto: Divulgação

No dia 26 de novembro, às 9h, será realizado um ato público no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, para denunciar a alarmante realidade da violência contra as mulheres no estado. O evento, que ocorrerá em frente à Governadoria, tem como objetivo expor a negligência do Estado no cumprimento do seu papel de prevenir, enfrentar e punir essas violências, evidenciando a insuficiência e morosidade do Sistema de Justiça, marcado pelo racismo e machismo.

A mobilização é fruto da parceria entre a Rede de Mulheres Negras do Nordeste e 14 organizações dos movimentos sociais da Bahia. A articulação integra a Jornada Pela Vida das Mulheres Negras do Nordeste e a Agenda Coletiva da Semana Elitânia de Souza, que, desde 2020, denuncia as constantes situações de violência às quais as mulheres negras estão submetidas.

Os dados reforçam a urgência dessa luta. De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), entre 2017 e 2023, foram registrados 672 feminicídios no estado, sendo 92,6% cometidos por parceiros íntimos. Em 2023, foram contabilizados 108 casos, um aumento de 0,9% em relação ao ano anterior. Destaca-se que 80% desses crimes ocorreram dentro do domicílio das vítimas.

Iasmin Gonçalves, do projeto Quilomba – Pela Vida das Mulheres Negras, do Odara – Instituto da Mulher Negra, destaca que o objetivo do ato é buscar respostas do poder público para o descaso da violência contra as mulheres negras. “A violência contra nós é uma questão que atravessa diversas esferas da sociedade, desde o racismo estrutural até a desigualdade de gênero. O nosso ato busca destacar a urgência de promover um sistema de justiça mais eficaz e sensível às especificidades enfrentadas por essas mulheres.”

Iasmin ainda destaca que o ato faz com que as vozes das ativistas negras ecoem e assim amplifique a discussão reivindicando direitos fundamentais, principalmente buscando respostas do poder público, nesse caso o Governo do Estado da Bahia. “Por isso, convocamos mulheres negras e suas organizações para gritarmos por Justiça”, afirma.

Roseli Oliveira, mulher negra, feminista e integrante da diretoria da ONG TamoJuntas, ressalta a omissão do Estado na proteção das mulheres vítimas de violência. “Nos assustamos todos os dias com as notícias de violência e os números de feminicídio, especialmente na Bahia. Estamos cansadas de pedir justiça por nossas companheiras que têm suas vidas e sonhos interrompidos por serem mulheres.”

A ativista da TamoJuntas também destaca a negligência do Estado em proteger as mulheres, principalmente através da prevenção. “Alterar leis para aumentar penalização de agressores e feminicídas não vai garantir que as mulheres deixem de ser violentadas e vitimadas pelo feminicídio. Nós pedimos justiça pelas mulheres que se foram, mas também pedimos responsabilização pela omissão do Estado.”

O evento contará com a participação de lideranças das organizações envolvidas, representantes da sociedade civil e autoridades comprometidas com a causa. Todos/as estão convidados/as a participar e apoiar essa mobilização crucial em defesa dos direitos das mulheres.

SERVIÇO: Ato Público por Acesso à Justiça pela Vida das Mulheres Negras

Onde? Centro Administrativo da Bahia (CAB), 

Quando? 26 de Novembro de 2024, 9h.

Quem? Movimentos de Mulheres Negras da Bahia – e aliades

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