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Mesmo com ampliação do acesso à educação, juventude negra enfrenta barreiras para ocupar o mercado de trabalho

A Pesquisa Juventudes Negras e Empregabilidade revelou que as desigualdades são ainda mais acentuadas para as jovens mulheres negras
Imagem: Freepik

Por Jamile Novaes

Lançada durante a última semana, a Pesquisa Juventudes Negras e Empregabilidade revelou que, embora o acesso à educação para as juventudes negras venha se ampliando, isso não tem se refletido de forma proporcional no acesso ao mercado de trabalho. O levantamento foi realizado pelo Pacto de Promoção da Equidade Racial em parceria com a Fundação Itaú.

Segundo o estudo, em 2023, o Índice ESG de Equidade Racial da Juventude Negra (IEERJN) era de -0,38 para Pós-Graduação e -0,29 para Ensino Superior. Os números demonstram que ainda existe um abismo entre a qualificação profissional mais elevada e a ocupação efetiva de cargos no mercado de trabalho. Essa diferença é ainda mais acentuada em áreas com altas remunerações, como engenharia, tecnologia e direito.

Para o Ensino Fundamental Completo, o IEERJN registrado foi de -0,01 (próximo à equidade) e para o Fundamental Incompleto, cerca de +0,15, demonstrando que jovens com essa formação conseguem ter mais acesso ao mercado. No entanto, ainda seguem ocupando postos de trabalho de baixa hierarquia e remuneração, condizentes com os níveis de formação alcançados.

As jovens mulheres negras, duplamente vitimizadas pelo racismo e pelo sexismo, são ainda mais afetadas por essas disparidades, registrando índices de -0,33 na Pós-Graduação, -0,31 no Ensino Superior e -0,37 no Ensino Médio. 

Em entrevista concedida à Revista Afirmativa em 2023, a antropóloga e mestra em ciências sociais, Ângela Figueiredo, já situava o ingresso de estudantes negros cotistas no mercado de trabalho como um debate prioritário. “Vivemos uma crise no capitalismo global, precarização das relações de trabalho, neoliberalismo e diminuição da participação do Estado nos setores cruciais. O que implica para nós negros o fechamento de postos de trabalho”, afirmou na ocasião.

Ângela, que também é professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), defende a criação de mecanismos que estimulem contratação de pessoas negras em empresas privadas e aponta ainda que o emprego alcançado através de concurso público “opera menos por mecanismos de discriminação do que o mercado de trabalho privado”.

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