Por Patrícia Rosa
Uma adolescente de apenas 16 anos foi mais uma vítima de lesbocídio no Brasil, assassinada em um crime brutal. Identificada como Vitória, ela foi morta a tiros enquanto dormia na casa da namorada, em Parelheiros, distrito da zona sul de São Paulo.
Vitória estava desaparecida desde o dia 2 de outubro, e seu corpo foi encontrado no último dia 11 em um lago próximo à casa do suspeito, Rogério Ambrosino Leite, de 46 anos, pai da namorada da adolescente. Segundo informações da polícia, o homem confessou o crime e foi preso. Naquele dia, Rogério chegou em casa e encontrou a vítima dormindo com sua filha, de 15 anos, e disparou contra a adolescente.
O corpo foi encontrado em uma área alagada próxima à residência do suspeito. Durante a ação, os policiais localizaram um revólver calibre 38 com numeração raspada e 86 munições escondidas na casa do homem.
Em entrevista ao SBT News, o irmão da vítima, identificado como Bruno, relatou que a adolescente já havia dito ter sido ameaçada pelo pai da namorada, que não aceitava o relacionamento. Durante a reportagem, uma troca de mensagens entre Bruno e a namorada de Vitória mostra o momento em que a adolescente afirma não poder revelar o que aconteceu, pois sua vida estaria em risco. Segundo Bruno, o corpo da irmã foi localizado após sua namorada enviar uma foto com a localização de onde a vítima poderia estar.
O caso segue sob investigação pela Polícia Civil. Rogério foi autuado em flagrante por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito.
Lesbocídio no Brasil
A morte de Vitória escancara o quanto a vida de meninas negras e lésbicas, especialmente aquelas que não performam o padrão de feminilidade, segue sendo tratada com descaso e silêncio pela sociedade e pela mídia.
O Coletivo Desfeminilizei se pronunciou sobre o caso, afirmando que o crime evidencia como o ódio às mulheres lésbicas continua sendo letal. A Articulação Brasileira de Lésbicas (ABL) também se manifestou, lembrando que o lesbocídio tem crescido no país.
Dados do LesboCenso Nacional, que ouviu mais de 25 mil mulheres em todas as regiões do país, apontam que 78,61% delas já sofreram algum tipo de lesbofobia. Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2024 foram registradas 224 mortes violentas de pessoas LGBTQIA+, um aumento de 8,8% em relação a 2023, quando houve 206 casos.
“Este não é um caso isolado. Precisamos de políticas públicas de proteção, campanhas educativas e leis específicas que enfrentem a lesbofobia de forma concreta”, declarou a ABL.
Descrita como uma menina sorridente, alegre e que já chegava em casa fazendo barulho, Bruno lembra, emocionado, da última mensagem que trocou com a irmã, que parecia feliz. A garota deixa uma família saudosa, que cobra por justiça.