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Aos 70 anos, dona Maria de Fátima conclui a Licenciatura e transforma a própria trajetória em pesquisa

Ela retomou os estudos depois dos 60 anos e levou a trajetória como quebradeira de coco para a universidade
Imagem: Arquivo Pessoal

Por Patrícia Rosa

Dona Maria de Fátima Abade Barbosa, de 70 anos, é especialista em realizar sonhos. Natural de Tocantinópolis (TO), ela acaba de concluir o ensino superior em Licenciatura em Educação do Campo – Artes, no Centro de Educação, Humanidades e Saúde (CEHS) da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT).

Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), orientado pela professora Iara Rodrigues, foi defendido no último dia 13 de novembro, no Auditório Babaçu. A pesquisa é um retrato de sua trajetória de vida e leva o título “Nunca é Tarde para Aprender: A história de vida de uma mulher preta que foi excluída do processo educacional de ensino”. Ao portal G1, ela relatou a experiência da apresentação, um momento marcado pela emoção: entrou na sala cantando, em homenagem às mulheres do campo, e comoveu o auditório. Ela fez questão de levar um de seus maiores sonhos: o saxofone, que tocou para celebrar com os colegas.

“Tive uma volta ao passado para as pessoas lembrarem um pouco [da vida na roça]. Na apresentação, entrei com roupa de quebradeira de coco, depois troquei e peguei o sax para dizer que a quebradeira de coco chegou ao sonho dela, que era aprender a tocar. Acho que as pessoas entenderam que, quando a gente tem aquele sonho, luta para realizar”, disse.

Filha de quebradeira de coco babaçu, Maria de Fátima carrega uma história marcada por força, resistência e recomeços. Na infância, precisou abandonar os estudos. Aprendeu com a mãe a quebrar coco e, na juventude, ganhou a vida como trabalhadora doméstica. O retorno à escola veio apenas depois dos 60 anos, quando levava o filho para estudar e recebia incentivo da professora dele, que também lhe ofereceu materiais escolares.

Ao concluir o ensino médio, recebeu o apoio de outra educadora para prestar o vestibular, desafio que aceitou. O ingresso na universidade trouxe a realização de um sonho, mas também episódios de preconceito por conta de sua idade. Ainda assim, ela encontrou acolhimento entre grande parte dos colegas. “É muito triste a gente não realizar um sonho. Mesmo pequeno que seja, a gente tenta realizar porque um dia vai embora para sempre de mundo, e sem retorno.”

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