O Boletim apresenta o número de candidaturas indígenas no pleito de 2022, a distribuição por gênero, região e ainda os presidenciáveis que estão apoiando
Por Andressa Franco
No último dia 4 de setembro, a Anaí – Associação Nacional de Ação Indigenista divulgou o primeiro boletim de candidaturas indígenas nas eleições 2022 Nordeste/Leste. Em um período de constante violação dos seus direitos, a exemplo do julgamento do Marco Temporal, de nenhuma terra demarcada desde que Jair Bolsonaro (PL) assumiu o governo, além do crescente desmatamento na Amazônia, os povos originários tem se organizado para “aldear a política” em 2022.
São 182 candidaturas indígenas registradas para o presente pleito, tendo sido 85 em 2014 – quando o TSE passou a incluir o item “cor/raça” no registro das candidaturas – e 133 em 2018, um crescimento acumulado de 121%. Para promover essas candidaturas, a Apib – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, e suas seis organizações regionais, tem conduzido a campanha “Demarcando as Urnas – Vamos Aldear a Política”.
A campanha apoia e promove 30 candidaturas indígenas, com representantes de 31 povos em 20 estados, sendo 18 delas a deputados e deputadas estaduais e 12 a federais.
Espectro político das candidaturas indígenas
O veículo ‘De Olho nos Ruralistas’ levantou 56 chapas de partidos de centro-esquerda e progressistas e alinhadas ao movimento indígena. São candidaturas de pelo menos 45 povos das cinco regiões, que defendem a Amazônia, a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga, em 24 estados.
Desses, “30 (…) concorrem às Assembleias Legislativas, 21 querem um lugar na Câmara, um disputa o Senado e três pretendem ocupar os governos estaduais. O levantamento tem ainda Raquel Tremembé, militante da Teia dos Povos do Maranhão, que concorre ao cargo de vice-presidente pelo PSTU.”
Já o estudo “Candidaturas Indígenas”, do Inesc – Instituto de Estudos Socioeconômicos, avaliando as 172 candidaturas indígenas homologadas, faz indicações dos números de candidaturas indígenas por estados e regiões, gênero e espectro político dos partidos. As classificações identificaram 98 candidaturas indígenas em partidos de esquerda, 19 de centro e 55 em partidos de direita.
Transferindo essa classificação para o contexto da eleição presidencial, das 172 candidaturas, 82 estão em partidos que apoiam a candidatura de Lula; 17 em partidos que apoiam a candidatura de Simone Tebet; 16 em partidos que apoiam a candidatura de Jair Bolsonaro; 12 pelo PDT, que tem o candidato Ciro Gomes; 7 pelo PTB, que no último dia 3 formalizou o pedido de registro da candidatura do Padre Kelmon, intimado pelo TSE; 6 pelo Pros, cujo candidato, Pablo Marçal, teve a candidatura vetada em definitivo pelo TSE na última terça-feira (6); 5 pelo União, que tem a candidata Soraya Thronicke; 3 pelo PSTU, que tem a candidata Vera Lúcia; 2 pela DC, que tem o candidato Eymael; 1 pelo PCB da candidata Sofia Manzano; 1 pela UD do candidato Leonardo Péricles; não há candidaturas indígenas pelo Novo, partido do candidato Luiz Felipe d’Ávila; e, por fim, há 20 outras candidaturas indígenas por partidos que não definiram apoio a candidaturas à Presidência: 7 pelo PSC, 5 pelo PSD, 3 pelo PMN, 2 pelo Patriota, 2 pelo PMB e 1 pelo PRTB. O PCO também não tem candidaturas indígenas.
Distribuição por gênero e região
No que diz respeito à distribuição de gênero, chama atenção a maior equidade nas candidaturas indígenas, se comparado aos números gerais. Das 172 candidaturas indígenas consideradas, 82, ou 47,67% são de mulheres, enquanto os números gerais para este pleito indicam que apenas 33,5% das candidaturas são de mulheres, sendo esse número um recorde. Além disso, das 30 candidaturas apoiadas na campanha “Vamos Aldear a Política”, 16 são de mulheres.
Quanto à distribuição das candidaturas indígenas pelas grandes regiões do país, a que concentra maior número dessas é também a que concentra o maior número de povos indígenas: a Norte, com 69 candidaturas ou 40,11% delas. O Nordeste vem em seguida com 35 candidaturas ou 20,34%; o Sudeste tem 33 candidaturas e 19,18%; o Centro-Oeste tem 19 candidaturas e 11,04%; e, o Sul tem 15 ou 8,72% das candidaturas indígenas. Especificamente no Nordeste, a Bahia conta com 5 candidaturas, ficando atrás apenas de Pernambuco, com 8 candidaturas indígenas, e empatada com o Ceará.
Anaí
A Anaí tem, desde pleitos anteriores, procurado acompanhar e informar por meio de seus boletins, sobre as candidaturas indígenas em sua região de atuação, que coincide com a representada pela Apoinme – Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo no âmbito do movimento indígena. Esse ano, a entidade inclui também o estado do Maranhão, onde também tem uma comissão atuante.
Nos próximos boletins, a Anaí pretende apresentar e avaliar essas candidaturas, inclusive em seu desempenho nas urnas, começando com aquelas indicadas e apoiadas pelo movimento indígena. Para acessar o Boletim na íntegra, clique aqui.