Por Daiane Oliveira
Imagem: GOV/BA
A jovem Deyse Anne Diógenes França Santos, mulher transexual, 32 anos, foi morta a facadas, nesta terça-feira (26), no bairro do Largo do Tanque, em Salvador (BA). A vítima foi abordada por dois homens em uma moto enquanto estava no ponto de ônibus.
Deyse Anne Diógenes França Santos participava de um curso preparatório para conclusão do ensino médio, no Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT do Estado da Bahia (CPDD-LGBT). Para Reinaldo Barbosa, coordenador do CPDD-LGBT, Deyse era uma ótima aluna, empenhada e já havia relatado à equipe que um ex-companheiro não aceitava o fim do relacionamento.
“Ela vinha sofrendo violência doméstica após um término de relacionamento com o companheiro. Para nós da equipe e as integrantes do grupo hoje foi um dia de muito impacto”, afirma Renildo.
O coordenador do CPDD-LGBT ainda relembra que nos últimos 30 dias outros casos de mulheres trans assassinadas foram registrados, sendo que alguns a polícia investiga a relação com a venda de rifas, um trabalho informal que muitas pessoas recorrem para sobreviver no difícil cenário social de desemprego e fome.
“Nós tivemos uma trans em Pirajá, outra trans ali na orla e agora Deyse. A gente espera que a polícia apure e possa afastar a desconfiança de feminicídio, ou que esses assassinatos tenham sido em série. A população trans é mais atingida, porque essas pessoas não têm emprego formal e precisam tocar a vida”, diz Renildo.
Após ser atingida, Deyse Anne Santos foi socorrida para o Hospital Geral Ernesto Simões Filho (HGESF), no bairro do Pau Miúdo, mas já chegou morta à unidade de saúde. O CPDD-LGBT está dando apoio à família da vítima, além de acionar o Ministério Público para acompanhar o caso.
Mulheres trans são vítimas da violência na Bahia
No dia 20 de junho deste ano, Isabela Santos, mulher trans de 23 anos, desapareceu do bairro de Pirajá onde morava. Familiares e amigos recorreram à imprensa, fizeram uma busca incessante, mas no dia 14 de julho, Isabela foi encontrada morta com perfurações de arma de fogo. A família informa que Isabela Santos era conhecida de todos no bairro, pois trabalhava vendendo rifa. Como outra fonte de renda, Isabela também fazia programas.
Já a travesti, identificada como Larissa Lins, foi assassinada a tiros, no dia 14 de fevereiro, na cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. O investigado pelo assassinato de Larissa foi morto durante uma operação policial poucos dias depois.
Em 2021, a Bahia foi o 2º estado do país com mais registro de assassinatos de pessoas trans e travestis. O estado registrou 13 assassinatos, sendo inferior apenas a São Paulo com 25 mortes. Os dados estão no Dossiê Assassinatos e Violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2021 com dados coletados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e divulgados no começo de 2022.