Feirante é morto a tiros por Policial Militar enquanto trabalhava, no Rio de Janeiro

Vítima foi assassinada após ser apontado pela esposa do PM como autor de um suposto assalto; o policial atacou o rapaz sem chance de defesa

Por Karla Souza

Pedro Henrique Dantas (20) foi assassinado na manhã de um domingo, 6 de abril, enquanto montava a barraca de pastel com o pai na feira da Praça Panamericana, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro (RJ). O jovem foi atingido pelas costas e na perna por disparos de arma de fogo realizados pelo sargento da Polícia Militar Fernando Ribeiro Baraúna (39) que estava de folga. Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital, o policial foi preso em flagrante e vai responder por homicídio qualificado.

De acordo com testemunhas, a esposa do sargento, Natália Regina Teles Novo Pires (35), alegou ter sido assaltada momentos antes e apontou Pedro como o suspeito. Sem qualquer verificação ou tentativa de abordagem, o policial atirou no jovem. 

“Cada um correu para um lado. O Pedro correu para a praça e ele saiu atirando, dizendo que era o assaltante. Onde já se viu? Um trabalhador de 20 anos, morto por um sargento da polícia”, relatou uma testemunha que preferiu não se identificar. A Polícia Militar afirmou, em nota, que o 16º BPM foi acionado para o local e confirmou que o sargento efetuou os disparos. A corporação declarou que, caso comprovados os fatos, o responsável será punido com rigor.

Pedro trabalhava com o pai na Penha. Jailton, feirante há quatro décadas, se preparava para passar a barraca de pastel e caldo de cana para o filho. “Meu filho é um moleque que sempre trabalhou, um amor de pessoa. Todo mundo gosta muito dele”, disse Michela Morato, mãe da vítima, em entrevista à TV Tribuna. Familiares afirmam que Pedro saiu cedo de casa para o trabalho e não esteve em nenhuma festa ou boate naquela madrugada.

A versão inicial do policial é de que agiu em legítima defesa após o jovem tentar agredi-lo com um objeto cortante. Já a Natalia Teles afirmou que o casal havia saído de uma boate próxima à feira e que presenciou uma confusão, mas negou ter visto quem teria participado e disse não ter identificado Pedro. Em depoimento, disse que ouviu os disparos, mas não presenciou a situação.

Uma prima de Pedro relatou que o policial ainda deu um soco no rosto dela após os disparos. As testemunhas afirmam que o jovem não participou de nenhuma briga e que o episódio dentro da boate foi iniciado pelo próprio casal. 

O caso foi registrado na Delegacia de Homicídios e segue em investigação.

Compartilhar

plugins premium WordPress